Paz e guerra
15 de outubro de 2011Depois de sete anos de construção, o Museu Histórico-Militar das Forças Armadas Alemãs reabriu suas portas ao público neste sábado (15/10) em Dresden, capital do estado alemão da Saxônia.
Durante a cerimônia de inauguração oficial, na sexta-feira, o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, afirmou que a nova exposição permanente reconta a história da guerra e proporciona "leituras incomuns da história militar". Outros museus militares expõem somente armamentos, mas este aborda também o homem e o seu papel na história, acrescentou De Maizière.
O arquiteto norte-americano de origem polonesa Daniel Libeskind, autor do plano diretor do Ground Zero em Nova York, também esteve presente à cerimônia de inauguração em Dresden. Em 2001, o escritório de Libeskind venceu o concurso para reformar o antigo museu das Forças Armadas, cujo reforma e ampliação custaram mais de 62 milhões de euros.
Uma ponta como sinal
O edifício da época do imperador Guilherme 2°, localizado no bairro de Albertstadt, abrigou museus militares por mais de 110 anos. Ali se localizava o museu militar da Saxônia, passando mais tarde para as mãos das forças armadas de Hitler. Posteriormente ele se tornaria um museu militar da ex-Alemanha Oriental. Em 1990, as Forças Armadas Alemãs assumiram o controle do prédio.
Com mais de 13 mil metros quadrados de área de exposição, o novo museu abriga a mais importante coleção histórico-militar da Alemanha – além de uma área livre de 7 mil metros quadrados para tanques de guerra e outros equipamentos.
Entre as raridades da coleção permanente estão o primeiro submarino, datado de 1850, e um canhão gigante de 1430. Uma atração à parte é sem dúvida o próprio edifício, em construção desde 2004 segundo os planos de Daniel Libeskind.
Além da reforma em si, Libeskind projetou um moderno prédio anexo em aço, vidro e concreto. O novo edifício atravessa o antigo museu como uma ponta que avança no ar. A construção já se tornou um marco e uma nova atração da capital da Saxônia.
Razões do partido arquitetônico
Com seu projeto, Libeskind afirmou querer fazer um contraponto consciente ao edifício histórico ali existente. O arquiteto explica que o prédio cuneiforme de 30 metros de altura faz uma referência ao pior dia por que passou a cidade de Dresden. O prédio aponta para o centro da cidade, completamente destruído pelos bombardeios aliados em fevereiro de 1945.
"A partir do museu, pode-se ver como Dresden renasceu das cinzas", acrescentou Libeskind. Além disso, trata-se de um edifício de grande visibilidade, algo também desejado pelo arquiteto. Segundo Libeskind, numa democracia, as Forças Armadas não devem se esconder.
Coleção permanente com 10,5 mil peças
A coleção permanente do museu também foi completamente reestruturada. Ela apresenta 700 anos de história militar contextualizados com a política, cultura, sociedade, economia e tecnologia. Com cerca de 10,5 mil objetos expostos, trata-se de um dos maiores museus histórico-militares da Europa. A coleção lança um olhar crítico também sobre temas como ferimentos, morte e sofrimento na guerra, ou mesmo emprego de animais pelos militares. Também está em exposição um jipe das Forças Armadas Alemãs atingido por um explosivo no Afeganistão.
Para o governador do estado da Saxônia, Stanislaw Tillich, o novo edifício não deve se tornar um local de peregrinação para tradicionalistas, mas sim um lugar para o aprendizado e a compreensão. Segundo o político, a exposição mostra que a cultura da paz é uma das coisas mais importantes para a humanidade e que a guerra é, sobretudo, dolorosa, desumana e destruidora.
CA/dpa/afp/epd
Revisão: Mariana Santos