1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

As diferentes cervejas de trigo alemãs

Gabriela Soutello23 de julho de 2015

De aspecto turvo e com aromas que vão de cravo a banana, as Weizenbiere estão entre as mais apreciadas pelo público cervejeiro em todo o mundo. Descubra a sua preferida entre as produzidas no país da Oktoberfest.

https://p.dw.com/p/1FyFH
Weizenbier und Brotzeit vor Bergkulisse
Foto: Imago/Westend61

Elas são servidas à mesa no maior copo do bar – em formato de tulipa, de corpo longo e sinuoso e com o diâmetro ampliado no topo. O líquido tem um tom amarelo opaco e preenche o copo em sua totalidade, sendo coroado por uma espessa espuma com aromas que vão do cravo à banana. A cerveja de trigo (em alemão Weizenbier ou Weissbier) tem alta fermentação e, por isso, deve ser derramada vagarosamente no copo, de modo a deixar o líquido homogêneo. Para que a espuma fique perfeitamente uniforme no topo, é necessário chacoalhar a levedura que fica no fundo da garrafa.

Bastante fermentadas, as cervejas de trigo não pertencem à Escola Alemã: as que se enquadram nessa categoria são todas do tipo Lager (no Brasil, conhecidas como Pilsen), mais leves e de baixa fermentação. Muito populares no sul da Alemanha, as Weizenbiere pertencem ao tipo Ale, e são consumidas até no café da manhã.

História

Acredita-se que elas tenham nascido na região da Boêmia, onde hoje é a República Tcheca, mas é possível que as primeiras tenham sido experimentadas por volta de 6000 a.C., na mesma época em que surgia o pão e a tradicional cerveja feita com malte de cevada. A Weihenstephan, uma das primeiras cervejarias do mundo, está em funcionamento desde o ano 1040 na Baviera, no sul da Alemanha. Hoje, ela é reconhecida internacionalmente como o maior centro formador de mestres cervejeiros.

Por cerca de 200 anos, a Baviera deteve o monopólio sobre a produção das cervejas de trigo – na época, elas eram consideradas bebidas da nobreza – até se espalharem por outras regiões do país e do mundo. Segundo dados de 2014, a Alemanha é o quinto maior produtor e o terceiro maior consumidor de cerveja – de todos os tipos.

Dentro da lei

No princípio, as Weizenbiere não faziam parte das cervejas consideradas "verdadeiramente alemãs". Isso porque no ano de 1516 o duque da Baviera Guilherme 5º criou a Reinheitsgebot, ou Lei de Pureza da cerveja alemã: bastante simples e direta, ela afirmava que todas as cervejas "puras" deveriam ser feitas somente com água, malte de cevada e lúpulo.

Com isso, pretendia-se que cereais não maltados, como o arroz e o milho, que tornam a bebida mais leve, não fossem utilizados para "enfraquecê-la". Além disso, pretendia-se conter a produção das cervejas de trigo, já muito populares, que estavam limitando a produção de pão.

A levedura ainda não era conhecida na época, e entrou para a lista dos ingredientes permitidos somente mais tarde, quando a lei foi revisada e passou a permitir também o malte de trigo. Em 1987 a União Europeia acabou por anular a Lei da Pureza. Mesmo assim, até hoje muitas cervejas ainda levam no rótulo um símbolo afirmando seguir a Reinheitsgebot.

Attualmente, o trigo não só está liberado na confecção das cervejas "típicas alemãs", como é no país da Oktoberfest que as mais tradicionais Weizenbiere são produzidas.

Peculiaridades

Para ser considerada uma verdadeira Weizenbier, as cervejas precisam ter, além do malte de cevada, pelo menos 50% de malte de trigo – algumas delas, no entanto, chegam a ter mais de 70% de trigo na composição. A temperatura ideal para uma Weizenbier tradicional varia entre 4°C e 6°C.

Dentro da categoria de cervejas de trigo, há as seguintes variações:

- Weizenbier: a tradicional, com baixo amargor, por vezes imperceptível. Dentro dessa categoria, existem as cervejas não filtradas (Hefeweizen/Naturtrüb), e as filtradas (Kristallweizen), mais leves, menos turvas e de cor mais clara que as primeiras. O teor alcoólico varia entre 4% e 6%.

- Dunkelweizen: é a Weizenbier escura, amarronzada e com notas de caramelo, castanhas e chocolate. Há nesse tipo de cerveja um equilíbrio entre malte e lúpulo - a flor que confere o sabor amargo e doce à cerveja. O teor alcoólico aqui varia entre 5% e 7%.

Elas são diferentes das Schwarzenbiere (cervejas pretas), as mais consumidas até a metade do século passado. Sem trigo na composição, as Schwarzenbiere são bastante maltadas, e o sabor pode lembrar café, castanha torrada e chocolate.

- Weizenbock ou Weizenstarkbier: cerveja do tipo bock feita com trigo – entre as três, é a mais forte e de maior teor alcoólico, que varia entre 6% e 12%. A temperatura ideal, assim como para as Dunkelweizen, está entre 8°C e 12°C.

Além das variações principais, há outras, como a Witbier (bastante comum na Bélgica, feita com diferentes lúpulos frutados) e a Rauchweinzen (Weizenbier de leve acidez, feita com malte defumado).

Entre rótulos conhecidos e garrafas incomuns, aromas cítricos, sabores mais ou menos amargos e diferentes teores alcoólicos, selecionamos dez cervejas de trigo feitas na Alemanha e disseminadas mundo afora. Prost!