Assad culpa estrangeiros por violência na Síria
3 de junho de 2012Em seu primeiro discurso no recém-eleito parlamento em Damasco, o presidente sírio, Bashar al Assad, afirmou neste domingo (03/06) que pretende continuar agindo com mão forte contra os movimentos de protesto em seu país.
Perante o parlamento, Assad culpou forças internacionais pela crise na Síria. O país se encontraria numa "verdadeira crise", disse Assad. O presidente sírio anunciou que pretende dar prosseguimento à "batalha contra terroristas" e que também recusa um diálogo político com a oposição síria no exterior.
Como "terrorista" o regime sírio descreve o movimento de protesto e democracia, que desde março de 2011 vai às ruas do país pedir o fim da era Assad. Segundo dados das Nações Unidas, mais de 10 mil pessoas já morreram desde então. A oposição síria fala em 14 mil mortes.
Em 7 de maio último, Assad permitiu que um novo parlamento fosse eleito – na esperança de sufocar os protestos contra seu regime. No entanto, a crise de Estado não conseguiu ser debelada. A oposição classificou a votação como farsa, e também fora do país houve críticas ao pleito.
Liga Árabe exige mais determinação da ONU
O discurso do chefe de Estado sírio acontece somente um dia após a Liga Árabe aumentar a pressão sobre a Síria. Reunidos neste sábado em Doha, no Catar, os ministros do Exterior da Liga exigiram um cronograma para a implantação do plano de paz do mediador da ONU, Kofi Annan. Além disso, eles decidiram que a TV estatal síria não poderá mais transmitir através dos satélites Nilesat e Arabsat.
Em reação ao massacre de mais de 100 pessoas em Hula, no dia 25 de maio, os ministros da Liga Árabe afirmaram que o Conselho de Segurança da ONU deverá ampliar a tropa de observadores na Síria, atribuindo-lhe mais poderes, para que possa proteger a população civil dos atos de violência e crimes.
O primeiro-ministro do Catar, Hamad bin Jassim al-Thani, disse durante o encontro, que também contou com a participação de Kofi Annan, que "é inaceitável que o massacre e o derramamento de sangue tenham prosseguimento, enquanto essa missão dura indefinidamente."
Annan advertiu que o perigo de uma guerra civil aumenta a cada dia na Síria. Ele disse ainda que o fato de os diferentes grupos religiosos se envolverem cada vez mais no conflito seria motivo de preocupação, já que isso poderia se alastrar para os países vizinhos.
O plano de paz de seis pontos de Annan prevê, entre outros, que a liderança síria retire suas tropas dos centros populacionais, liberte presos políticos e permita a ajuda humanitária. O objetivo é o fim da violência.
Síria na agenda de cúpula em São Petersburgo
Os conflitos na Síria também devem exercer um papel dominante no encontro de cúpula União Europeia-Rússia, que se inicia na noite deste domingo em São Petersburgo. Diversos países do bloco europeu pretendem levar o presidente russo, Vladimir Putin, a agir de forma mais acirrada contra a liderança em Damasco.
Juntamente com a China, a Rússia usa o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para impedir sanções mais duras contra o regime Assad. A Síria é um dos principais aliados da Rússia no Oriente Médio.
O ministro da Defesa da França, Jean-Yves le Drian, declarou que seu país participaria de uma missão militar na Síria sob mandato das Nações Unidas. Devido ao veto da Rússia e da China, na atual situação, tal missão não deverá acontecer.
CA/dpa/rtr/dw/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer