Assad culpa Europa por crise migratória
16 de setembro de 2015Em entrevista divulgada pela imprensa russa nesta quarta-feira (16/09), o presidente sírio, Bashar al-Assad, culpou a Europa pela atual crise migratória. Grande parte dos migrantes chegando à Europa são sírios fugindo da guerra civil.
Em seu primeiro pronunciamento público sobre a questão, Assad afirmou que o apoio do Ocidente a "terroristas" provocou a crise e que a Europa deve aguardar um número ainda maior de refugiados.
"Essas pessoas estão fugindo do terrorismo", afirmou. "O Ocidente reclama dos refugiados, mas apoia o terrorismo desde o início da crise", afirmou Assad, citado pela agência russa RIA Novosti.
Países como os Estados Unidos, a Turquia e a Arábia Saudita apoiam a oposição ao regime sírio, inclusive alguns grupos armados que lutam contra o governo, numa guerra civil que já dura quatro anos.
Assad afirmou que o apoio da Turquia foi fundamental para o crescimento de dois dos maiores grupos de insurgentes na Síria, o "Estado Islâmico" (EI) e a frente Al-Nusra – acusação negada pelo governo turco. O líder sírio também disse que os bombardeios americanos fracassaram ao tentar deter os avanços do EI.
O presidente rechaçou as afirmações de governos ocidentais de que as ações de seu regime teriam sido fundamentais para o avanço dessas organizações. "Enquanto prosseguirem com essa propaganda, continuarão a receber ainda mais refugiados", afirmou. "Se estão preocupados com eles, parem de apoiar terroristas."
O governo sírio considera todos os grupos armados de oposição como terroristas, desde o EI até aqueles considerados moderados pelo Ocidente.
"Pressões do Ocidente"
O presidente sírio não comentou as críticas do Ocidente referentes aos sinais cada vez mais evidentes de que seu país vem recebendo apoio militar da Rússia. Washington declarou nesta terça-feira que deseja o envolvimento de Moscou na coalizão internacional que combate o EI, mas os russos insistem que o governo sírio também deve participar desses esforços.
Assad reiterou que não há qualquer cooperação entre seu país e os EUA, mesmo que de modo indireto. "Não há nenhuma coordenação entre os governos da Síria e dos Estados Unidos, ou entre os exércitos sírio e americano", afirmou, negando também que o país colabore diretamente com o Irã.
"Há apenas ideias ou princípios para uma iniciativa iraniana que se baseie principalmente no tema da soberania da Síria e no combate ao terrorismo", declarou.
Assad assegurou que apenas deixaria o cargo se o povo sírio assim desejar, e não por pressões do Ocidente. "O presidente chega ao poder com o consentimento da população através de eleições e, caso deixe o cargo, o deixará se o povo assim exigir, e não por uma decisão dos Estados Unidos, do Conselho de Segurança da ONU ou da Convenção de Genebra", disse.
RC/rtr/dpa