Assad diz que EI cresceu apesar de ataques aéreos
30 de março de 2015Em entrevista no programa 60 Minutes, da emissora americana CBS, o ditador sírio, Bashar al-Assad, afirmou que a organização terrorista Estado Islâmico (EI) continuou a crescer nos últimos seis meses, apesar dos ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos.
Assad disse que, às vezes, os bombardeios têm um efeito local. "Mas, em geral, se você quiser falar em termos de EI, na verdade o EI tem se expandido desde o início dos ataques", disse Assad, em entrevista transmitida no domingo (29/02).
O ditador afirmou ainda que há estimativas de que o EI estaria recrutando aproximadamente mil pessoas por mês na Síria e no Iraque. "Eles estão se expandindo na Líbia [...] e muitas outras organizações afiliadas da Al Qaeda anunciaram lealdade ao EI. Esta é a situação", acrescentou.
Indagado pelo correspondente da CBS Charlie Rose sobre o alegado uso de gás clorídrico e bombas de barril [artefato explosivo improvisado, contendo estilhaços, petróleo ou armas químicas] por seu Exército, Assad afirmou que essas alegações são "parte da maliciosa propaganda contra a Síria".
"Em primeiro lugar, o gás clorídrico não é um gás militar. Você pode comprá-lo em qualquer lugar. Ele não é muito eficaz, isto é bastante evidente. Armas tradicionais são mais importantes do que o cloro. E se fosse muito eficaz os terroristas teriam usado isso em uma escala maior", respondeu Assad.
Atualmente, Washington está buscando negociar uma solução para a guerra civil na Síria que excluiria Assad. Funcionários do Departamento de Estado dos EUA disseram, recentemente, que Assad "nunca" será parte de uma negociação para acabar com o conflito sírio, mas que membros de seu governo poderiam ser parte do processo.
Ainda na entrevista, o presidente da Síria disse que em princípio, todo diálogo é uma coisa positiva. Mas deixou claro que qualquer conversa com os Estados Unidos precisa ser baseada em "respeito mútuo".
Questionado sob em quais circunstâncias deixaria o poder, Assad respondeu: "Quando eu não tiver o apoio público. Quando eu não representar os interesses e valores sírios."
O conflito na Síria começou em março de 2011, com protestos contra Assad. Desde então, mais de 220 mil pessoas foram mortas e quase 4 milhões fugiram do país.
PV/afp/ap/ots