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Astrônomos acham evidências de primeira exolua

4 de outubro de 2018

Primeira lua fora do Sistema Solar pode ter sido encontrada a 8 mil anos-luz da Terra. Descoberta mudaria teorias sobre formação de luas em planetas, mas ainda são necessárias novas medições com o Hubble.

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Ilustração do planeta Kepler-1625b e sua lua extrassolar
Ilustração do planeta Kepler-1625b e sua lua extrassolarFoto: picture-alliance/dpa/NASA/ESA/L. Hustak

Por volta de 200 luas já foram catalogadas no Sistema Solar. Fora dele, no entanto, até agora nenhuma. Mas essa situação pode ter mudado nesta quarta-feira (03/10), com o anúncio da possível descoberta de uma exolua por pesquisadores da Universidade Columbia, de Nova York.

Segundo os astrônomos, a lua em potencial seria bem maior do que a Terra – do tamanho mais ou menos de Netuno ou Urano – e o planeta que ela orbita seria tão grande quanto Júpiter. A exolua teria aproximadamente 1,5% da massa de seu planeta, o que corresponde aproximadamente à relação entre Terra e Lua.

Esse aparente par formado por lua e planeta gasosos se encontram a 8 mil anos-luz de distância. Por ano-luz entende-se a distância que a luz percorre no espaço ao longo de um ano.

Alex Teachey und David Kipping divulgaram suas medições na revista especializada Science Advances. "Se a descoberta for confirmada por mais observações do Hubble, informações cruciais podem vir a ser fornecidas sobre o desenvolvimento dos sistemas planetários e que levariam possivelmente especialistas a repensar as teorias sobre a formação de luas em planetas", destacou Kipping.

Os pesquisadores Teachey e Kipping avaliaram 284 planetas fora do Sistema Solar e que já haviam sido descobertos pelo Kepler, telescópio espacial da Nasa. Desses, somente um planeta prometia hospedar uma lua. Ele orbita em torno de uma estrela conhecida como Kepler-1625, que possui mais ou menos o tamanho do Sol, mas é mais velha.

Das observações do Kepler feitas pela Nasa, os pesquisadores sabem que a distância entre Kepler-1625 e seu planeta Kepler-1625b corresponde aproximadamente à distância entre a Terra e o Sol. Os dados de observação do Kepler mostraram anomalias suspeitas. "Tivemos pequenos desvios e flutuações na curva de luz, que chamaram nossa atenção", disse Kipping.

Curva de luz

Em outubro do ano passado, a dupla de pesquisadores direcionou o telescópio espacial Hubble para essa estrela, na tentativa de verificar – ou descartar – a possibilidade de uma lua orbitando o planeta Kepler-1625b.

Eles estavam em busca de um segundo escurecimento temporário da luz estelar. A principal interrupção seria o próprio planeta passando na frente de sua estrela. O segundo mergulho no brilho estelar poderia vir de uma lua extrassolar ou exolua.

O Hubble pode fornecer uma curva de luz, ou seja, o curso do brilho da estrela, quatro vezes mais precisa que o Kepler. O telescópio espacial mais preciso e poderoso detectou uma segunda e menor redução da luz estelar três horas e meia após o planeta passar em frente de sua estrela. "Como um cachorro seguindo seu dono na coleira", comentou Kipping

O período de observação, no entanto, terminou antes de a lua poder completar seu trânsito. É por isso que os astrônomos precisam de mais uma observação com o Hubble, possivelmente no início do próximo ano.

Imagem do telescópio espacial Hubble
Mais poderoso e preciso, Hubble poderá dar novas evidências de primeira lua fora do sistema solarFoto: picture-alliance/dpa

Apesar das evidências, "estamos pedindo cautela", salientou Teachey. "A primeira exolua é obviamente uma descoberta extraordinária e que exige uma evidência extraordinária", disse o astrônomo. "Além disso, o tamanho que calculamos para essa lua, mais ou menos o tamanho de Netuno, quase não foi antecipado, e isso é mais uma razão de cautela."

Se for uma lua, ela se encontraria a mais ou menos 3 milhões de quilômetros de seu planeta e apareceria duas vezes maior no céu do que o satélite terrestre. Dado o seu tamanho, os astrônomos disseram não ter certeza de como essa potencial lua pode ter se formado.

"Se confirmada, essa descoberta pode balançar completamente nossa compreensão de como as luas são formadas e do que elas podem ser compostas", afirmou Thomas Zurbuchen, chefe da missão científica da Nasa.

Segundo os pesquisadores, outra peça convincente de evidência em favor de uma lua é que o planeta passou na frente de sua estrela mais de uma hora antes do previsto. "Uma lua poderia causar essa espécie de caminho incerto e vacilante", observaram.

Outro planeta poderia causar o mesmo empurrão gravitacional, ressaltaram os pesquisadores, embora as observações do telescópio Kepler não tenham confirmado essa hipótese. Kepler-1625b é o único planeta encontrado até agora em torno daquela estrela.

Para Teachey e Kipping, a melhor e mais simples explicação é que Kepler-1625b tem uma lua. "Nós tentamos fazer o melhor para descartar outras possibilidades", disse Kipping. "Mas não conseguimos encontrar nenhuma outra hipótese que pudesse explicar todos os dados que possuímos."

O vice-editor da revista Science Advances, Kip Hodges, elogiou os pesquisadores por seu tom cauteloso, dado o difícil e complicado processo de identificação de uma exolua.

CA/dpa/ap

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