Astro do futebol turco será julgado por insultos a Erdogan
24 de fevereiro de 2016O ex-atacante Hakan Sükür, um dos maiores jogadores da história do futebol turco e estrela internacional, pode ser condenado a quatro anos sob a acusação de insultar o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em mensagens no Twitter, divulgou a agência estatal de notícias Dogan nesta quarta-feira (24/02).
Promotores acusaram Sükür de postar mensagens em sua conta particular @hakansukur com "conteúdo insultuoso contra o senhor presidente Recep Tayyip Erdogan e seu filho", comunicou a agência de notícias. O post foi retirado do ar – em circunstâncias não esclarecidas. Seu conteúdo também não foi divulgado.
Em sua defesa, o ex-jogador de 44 anos afirmou que não teve a intenção de atingir o presidente com suas mensagens. Mas, segundo a agência Dogan, a alegação foi rejeitada pelo Ministério Público turco, que alegou que os tweets foram "claramente relacionados" a Erdogan.
Se condenado, Sükür pode pegar até quatro anos de prisão, de acordo com as acusações. Com a aprovação do indiciamento, a primeira audiência está prevista para as próximas semanas.
Com passagens por Inter de Milão, Torino, Parma e Blackburn Rovers, Hakan Sükur viveu seu auge defendendo as cores do Galatasaray. Com o clube turco, o ex-atacante conquistou oito títulos da liga turca e a Copa da Uefa de 2000, quando tinha como companheiro os brasileiros Taffarel, Capone e Márcio Santos, além do craque romeno Gheorghe Hagi.
Sükur defendeu a Turquia por 15 anos. Além de ser maior artilheiro da história da seleção com 51 gols (o segundo na lista, Tuncay Sanli, tem 22), o ex-atacante é o segundo jogador que mais vestiu a camisa turca (112 partidas contra 120 do goleiro Rüstü Reçber). E com 249 gols, SüKür é maior goleador da história do Campeonato Turco, onde ainda defendeu Sakaryaspor e Bursaspor.
O ex-goleador fez parte da notória campanha da Turquia na Copa do Mundo de 2002, quando o país conquistou o inédito terceiro lugar, após perder do Brasil na semifinal e derrotar a Coreia do Sul na disputa pelo pódio. Justamente nesta partida, Sükür anotou seu único gol num Mundial – com 10,8 segundos, foi o gol mais rápido da história das Copas do Mundo.
Agora na carreira política, Sükür chegou a ser eleito membro do Parlamento turco, em 2011, pelo partido de Erdogan, o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), mas renunciou dois anos depois, após uma vasta investigação sobre corrupção que tinha como alvo o atual presidente. Sükur então se aliou ao movimento islâmico liderado pelo clérigo Fehullah Gülen, arqui-inimigo do presidente turco.
O caso contra o ex-jogador é um de uma série de outros processos que foram abertos contra jornalistas, blogueiros e cidadãos comuns sob a acusação de insultos contra Erdogan e outras autoridades da Turquia.
PV/afp/dpa