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Ataque em reduto curdo acirra tensões na Turquia

4 de novembro de 2016

Atentado na maior cidade da região de maioria curda no país ocorre após a prisão de parlamentares sob acusação de colaborarem com PKK. Governo impõe bloqueios temporários à imprensa e às redes sociais.

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Explosão, que matou ao menos um e feriu outros 30, pôde ser ouvida a quilômetros de distância
Explosão, que matou ao menos um e feriu outros 30, pôde ser ouvida a quilômetros de distânciaFoto: Reuters/Ihlas News Agency

Uma explosão matou ao menos oito pessoas e feriu outras 30 em Diyarbakir, a maior cidade da região de maioria curda na Turquia. O incidente, nesta sexta-feira (04/11), ocorreu horas após a prisão de membros da agremiação política pró-curda Partido Democrático dos Povos (HDP).

Imagens das emissoras de televisão mostravam destroços e janelas quebradas num edifício utilizado pela polícia atingido pela explosão que, segundo testemunhas, pôde ser ouvida a quilômetros de distância. As autoridades afirmaram que o atentado atingiu policiais e civis.

O governo de Diyarbakir culpou o Partido Dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) pelo ataque, e disse que a explosão foi causada por um carro-bomba. O PKK é considerado um grupo terrorista pela Turquia. 

O atentado ocorreu horas após a polícia prender ao menos 12 membros do HDP, sob a acusação de colaborarem com o PKK, que há décadas luta pelos direitos políticos e culturais dos cidadãos turcos de etnia curda.

A polícia deteve os líderes do HDP Figen Yüksekdag e Selahattin Demirtas na madrugada desta sexta-feira em suas residências. As prisões aparentam fazer parte de uma operação em larga escala contra os parlamentares do HDP, após a remoção da imunidade parlamentar, sob acusações que vão de "disseminar propaganda terrorista" a "filiação a grupo armado terrorista".

Curdo denuncia a brutalidade do regime turco

O governo se utiliza de poderes extraordinários aprovados após a fracassada tentativa de golpe de estado, no dia 15 de julho, inclusive ao remover a prefeita eleita de Diyarbakir, e substituí-la por membro do partido governista.

As tensões na região de maioria curda no sudeste turco aumentaram significativamente após o colapso em 2015 do frágil cessar-fogo declarado pelo PKK, agravando os conflitos entre os militantes da organização curda e as forças do governo.

Após a explosão em Diyarbakir, o acesso às redes sociais como Twitter e Whatsapp foi bloqueado na Turquia, segundo informações do grupo Turkey Blocks, que monitora a internet no país. Outros portais tiveram o acesso propositalmente desacelerado, o que acaba os deixando inutilizáveis.

A agência de notícias Associated Press (AP), confirmou o bloqueio temporário à cobertura da explosão em Diyarbakir. As autoridades turcas afirmam que a medida visa evitar publicações e transmissões que possam gerar "medo, pânico e caos" na população. As ordens, porém, não afetam os anúncios públicos do governo, mas abalam por completo a cobertura jornalística no país, segundo a AP.

RC/ap/afp/rtr