1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Começou na internet

10 de fevereiro de 2011

Wael Ghonim ajudou a incendiar a multidão que tomou as ruas no Egito. Com sua campanha na internet, o ativista e diretor de marketing da Google na região se destaca como símbolo do movimento contra Hosni Mubarak.

https://p.dw.com/p/10FDz
Wael Ghonim: ativista e gerente de marketing da GoogleFoto: picture alliance /dpa

Wael Ghonim é uma das principais figuras por trás da onda de protestos contra o regime de Hosni Mubarak, no Egito. O ativista virtual foi um dos que iniciou as manifestações por meio de convocações divulgadas na internet. Ele chegou a ser preso e, depois de 12 dias de prisão foi liberado.

"Gostaria de dizer a todas as mães e pais que perderam seus filhos que sinto muito! Mas não foi culpa nossa. Foi culpa daqueles que exercem o poder e que se agarram a ele", disse Ghonim diante das câmeras, com imagens transmitidas pelo canal de televisão privado Dream-TV.

O blogueiro ativista voltou à cena na última segunda-feira (07/02) e, no dia seguinte, já discursava na praça Tahrir, no Cairo, epicentro do movimento de protesto contra o governo autoritário de Mubarak. Milhares de pessoas aplaudiram-no com entusiasmo.

A figura que faltava

Wael Gohim, aparentemente, reúne exatamente o que falta ao movimento até agora: uma figura com a qual a população se identifica e uma personalidade de liderança carismática – ou seja, ele deu um rosto à resistência.

Ele próprio sabe das expectativas que envolvem sua pessoa e reage com modéstia: "Nós, no Egito, amamos heróis, mas eu não sou um herói! Dormi por 12 dias. Os heróis são pessoas jovens, que saíram às ruas e participaram das manifestações, sacrificaram suas vidas, apanharam e foram presas, que colocaram suas vidas em risco e se expuseram ao perigo."

No âmbito da política, Ghonim demonstra determinação e oposição estrita contra a qualquer tipo de negociação com o governo Mubarak. E encoraja os manifestantes a não desistir. "Este é o país de vocês", é sua mensagem aos jovens egípcios, quando aponta que os detentores do poder consideraram, por décadas, as riquezas do país como propriedade privada.

Ägypten Google-Manager Wael Ghonim freigelassen Flash-Galerie
Wael Ghonim reencontra a mãe depois de sua liberdadeFoto: dapd

Vida online

Aos 30 anos, pai de dois filhos e ativista no Facebook, Ghonim também tem uma ligação profissional com a internet: ele trabalha como diretor de marketing da Google no Oriente Médio e no Norte da África. Ele só se engajou politicamente de forma mais intensa há um ano. Sob o pseudônimo Al-Schahid, palavra em árabe para "mártir", Ghonim foi um dos mentores dos protestos contra o governo egípcio por meio de convocações via internet.

A página do Facebook "Todos somos Khaled Said", criada por Wael Ghonim, teve um papel importante neste contexto. O nome foi inspirado no blogueiro que, em junho de 2010, foi espancado até a morte por agentes do serviço secreto em Alexandria. O ativista não poderia imaginar que sua página de campanha virtual poderia levar tantos militantes a favor da democracia a provocar tamanho movimento político.

Papel futuro

Ao que tudo indica, Wael Ghonim cresce em importância. Na última quarta-feira (09/02), ele apelou publicamente aos jovens manifestantes e aos partidos de oposição que entrassem em acordo no que diz respeito à política.

Numa nova página criada no Facebook, Ghonim foi eleito o "porta-voz" do movimento egípcio numa votação virtual – num período de 24 horas, mais de 150 mil usuários o escolheram.

O blogueiro já é, hoje, uma figura simbólica de peso: popular, com poder de empolgar multidões – sua aparição emocional na televisão fez com que ele ganhasse ainda mais simpatizantes. Só o tempo dirá se Ghonim poderá também liderar um movimento de massa complexo e se afirmar no jogo pelo político pelo poder.

Não há dúvida, no entanto, que o ativista já demonstrou determinação e vontade de brigar: "Decidimos agir. Queremos lutar pelo Egito, porque esse é a nossa terra", proclama.

Autor: Loay Mudhoon (np)
Revisão: Soraia Vilela