Auge do desemprego no governo Schröder
5 de fevereiro de 2003O chanceler federal alemão Gerhard Schröder viu-se confrontado com mais uma notícia desagradável, nesta quarta-feira (05), como se não bastasse a estrondosa derrota do Partido Social Democrático, presidido por ele, em duas eleições estaduais no último domingo (02): as agências do Departamento Federal do Trabalho registraram 4,623 milhões de desempregados na Alemanha, em janeiro. Com isso, a taxa subiu para 11,1%, a mais alta desde que Schröder assumiu a chefia de governo em 1998. Em janeiro de 2002, o índice de desemprego era de 10,4%.
As estatísticas de janeiro acusam 398 mil pessoas desempregadas a mais do que em dezembro de 2002. O presidente do departamento, Florian Gerster, citou como motivos do aumento a influência do inverno sobre o mercado de trabalho e o fim de vários contratos em dezembro. No entanto, reconheceu que, mesmo sem os efeitos sazonais, o desemprego teve um acréscimo, o que interpretou como sinal da crise estrutural e da fraca conjuntura.
A maior "empresa pública" alemã e sua reforma
O departamento também reduziu as subvenções a contratos temporários e cursos profissionalizantes, o que se refletiu negativamente nas estatísticas, pois quem participa dessas "medidas ativas" da política ocupacional não figura como desempregado. O Departamento do Trabalho está passando por uma grande reforma para fazer frente à crise no mercado de trabalho. Com o crescimento do desemprego, aumenta a pressão sobre o órgão presidido por Florian Gerster, que concentra o pagamento de salário-desemprego e atua como agência de empregos, além de cuidar de cursos de aperfeiçoamento profissional ou mudança de profissão.
Afirmando que "a reforma avança rápida e intensamente", Gerster pediu um pouco de paciência até que as medidas surtam efeito no mercado de trabalho. Para agilizar a colocação de desempregados, o departamento teria contratado vários consultores. "Nós somos a maior empresa pública da Alemanha, com mais de 90 mil funcionários e um orçamento superior a 53 bilhões de euros", expôs, para depois pedir compreensão para o fato de não se poder reformar em pouco tempo todo um sistema que não foi alterado desde sua criação, há mais de 50 anos.
Sindicatos contra flexibilização
A crise no mercado de trabalho parece haver aproximado governo e oposição, embora esta responsabilize a coalizão social-democrata e verde pelo agravamento. Tanto o ministro da Economia e do Trabalho, Wolfgang Clement, como a presidente do maior partido de oposição ao governo federal, a União Democrata Cristã, Angela Merkel, exigiram um pacto nacional em prol de mais empregos. O setor privado reiterou a necessidade urgente de profundas reformas. O presidente da Confederação das Indústrias Alemãs (BDI), Michael Rogowski conclamou o governo e a oposição a se unirem para superar a crise.
Já a Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB), atribuiu parte da responsabilidade pela "situação catastrófica" ao próprio governo. Sua vice-presidente, Ursula Engelen-Kefer, criticou principalmente o corte de verbas para as "medidas ativas" da política ocupacional.
Os sindicatos também rejeitaram com veemência alterações nas leis trabalhistas para facilitar a dispensa de funcionários. Tal flexibilização foi aventada por Gerhard Schröder, desde que os empregadores se comprometam a criar novos empregos. A confederação sindical, contudo, argumenta que a mesma medida já foi adotada pelo governo anterior, do chanceler Helmut Kohl, sem dar o resultado esperado.