Minha ficha na Stasi
5 de julho de 2007O interesse dos alemães pelos arquivos da Stasi, o serviço secreto da antiga Alemanha Oriental, é cada vez maior. Segundo um relatório divulgado esta semana pelo governo alemão, em torno de 97 mil pessoas solicitaram em 2006 acesso a seus arquivos pessoais armazenados durante a ditadura socialista, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.
A responsável pelos arquivos, Marianne Birthler, confirmou que a tendência se mantém neste ano, com mais de 7 mil pessoas procurando as autoridades todos os meses para descobrir o que o regime comunista sabia a seu respeito.
Desde 1990, mais de 1,6 milhão de pessoas encaminharam pedidos para conhecer o conteúdo de seus arquivos. Também já foram feitas 1,75 milhão de consultas para saber se um cidadão alemão trabalhou para a Stasi.
Birthler destaca ainda que não apenas os cidadãos do Oeste estão interessados nas informações. "A Stasi não diferenciava entre Leste e Oeste, mas entre aliados e inimigos. E havia os dois tanto no Leste como no Oeste. Em torno de 10 mil cidadãos da Alemanha Ocidental trabalhavam para a Stasi em 1989", afirmou, se referindo ao ano da queda do Muro de Berlim.
A Vida dos Outros
O número crescente de solicitações é apenas um dos aspectos que revelam um interesse geral cada vez maior pela história da Alemanha Oriental. Birthler disse receber cada vez mais pedidos de escolas para a realização de palestras sobre a Stasi. "Há uma nova geração que tem perguntas", explicou.
Ela atribuiu ainda o interesse pelo serviço secreto da Alemanha Oriental a filmes como A Vida dos Outros, que acompanha as mudanças na vida de um fictício espião da Stasi e foi premiado com o Oscar de melhor produção estrangeira.
Em relação à presença de ex-integrantes da Stasi na sua equipe, a responsável pelos arquivos disse lamentar o fato. "Foi uma decisão infeliz, mas que não pode mais ser mudada." Mas ela disse não haver motivos para desconfiar do trabalho dessas pessoas. Há mais de 56 ex-espiões trabalhando sob o comando de Birthler. (as)