Steinmeier sob pressão
20 de janeiro de 2007O antigo governo de coalizão formado pelo Partido Social Democrata (SPD) e o Partido Verde, do qual Steinmeier fez parte, teria impedido a libertação e tentado, até 2005, orquestrar novas acusações de terrorismo contra Kurnaz, noticiaram vários veículos de comunicação da Alemanha neste sábado (20/01).
A oposição e até mesmo integrantes da atual coalizão governamental (CDU/CSU e SPD) exigem esclarecimento do caso, que está sendo investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do serviço secreto.
Segundo informações do jornal Süddeutsche Zeitung e da emissora de televisão pública ARD, um documento do Ministério das Relações Exteriores, datado de 25 de outubro de 2005, comprova que Steinmeier rejeitou o retorno de Kurnaz à Alemanha. Autoridades de segurança da Alemanha teriam pedido mais informações aos EUA para manter a suspeita do envolvimento de Kurnaz com o terrorismo.
Exigências do EUA
Segundo o jornal Bild, os EUA teriam feito várias exigências para libertar Kurnaz. As autoridades alemãs teriam de garantir que ele não desenvolveria atividades terroristas, após seu retorno a Bremen. Além disso, a Alemanha teria de receber dois muçulmanos chineses presos em Guantánamo. Por isso, Berlim teria rejeitado a oferta.
Kurnaz foi preso no final de 2001 no Paquistão e levado a Guantánamo, depois de passar pela prisão de Kandahar. No ano seguinte, os EUA teriam oferecido sua libertação à Alemanha, mas ele só foi solto em agosto de 2006, por intervenção da atual chanceler alemã Angela Merkel.
Cada vez mais detalhes
Diante da pressão da oposição, Steinmeier já estaria disposto a prestar depoimento à CPI do serviço secreto. O presidente da CPI, Siegfried Kauder (CDU), disse que ainda é cedo para fazer acusações concretas contra o ministro. "As denúncias são graves e precisam ser esclarecidas", disse o deputado social-democrata Niels Annen.
Segundo o jornal Stuttgarter Nachrichten, tanto em 2002 quanto em 2006, o governo norte-americano exigiu que a Alemanha vigiasse Kurnaz 24 horas por dia após sua libertação. O governo não queria se responsabilizar por um cidadão turco que era considerado tão perigoso pelos, teria dito um deputado social-democrata ao jornal Berliner Zeitung.
Segundo a revista Focus, em fevereiro de 2003, a Secretaria de Estado dos EUA teria rejeitado a libertação do cidadão turco nascido em Bremen. Outras autoridades norte-americanas teriam sinalizado que ele poderia ser libertado de Guantánamo, por ser inocente.