Aumento de defeitos em carros preocupa técnicos
3 de fevereiro de 2004Os técnicos do TÜV dizem que as coisas estão evoluindo de uma maneira assustadora.Por trás da sigla esconde-se a instituição alemã encarregada da vistoria regular de veículos, que é obrigatória para se renovar a licença de circulação pela Alemanha. Eles se referem ao número de automóveis com defeitos, alguns tão graves que os inspetores falam de "bombas-relógio circulantes".
Segundo o relatório anual da instituição, 17,5% dos carros apresentados para vistoria em 2003 precisaram ser mandados para uma oficina, antes de poder ganhar a plaquinha de renovação da licença. Um "triste recorde negativo", na palavra dos inspetores, que têm critérios rigorosos: em 2002, a cota de carros defeituosos era de 16,5%. O melhor resultado foi registrado em 1996, com 11,6%; de lá para cá, o índice foi aumentando de ano para ano.
Motoristas economizam
Os inspetores constatam falhas técnicas não apenas nos carros mais velhos, como também em veículos novos. Mas os erros de construção são uma minoria. O defeito mais freqüente é o vazamento de óleo no motor e no câmbio. Seguem problemas com as lonas de freio, os faróis e o tubo de escape.
Muitas falhas se devem a consertos mal feitos nas oficinas. Mas o problema principal, na opinião do redator responsável pelo relatório, Rainer Strang, é que manter um automóvel está se tornando cada vez mais caro. O proprietário tenta compensar o aumento do preço da gasolina, dos impostos e dos seguros economizando nos consertos e nas inspeções de seu veículo. E, quanto mais velho o carro, maior a freqüência de defeitos.
Em conseqüência, aumenta também a chance de se ter azar ao comprar um automóvel usado. Este ponto preocupa especialmente os inspetores, já que os carros usados, por serem mais baratos, são comprados de preferência por motoristas jovens, mais propensos a se envolver em acidentes de trânsito por falta de experiência.
Marcas alemãs recuperam terreno
O relatório baseou-se na perícia de 7,5 milhões de veículos. Entre os carros com até três anos — o prazo para a primeira vistoria de carros novos; depois disso, o intervalo é de dois anos —, foram constatados defeitos em 5,6% (taxa em 2002: 5,2%). No caso de automóveis com quatro a cinco anos de uso, o percentual subiu a 10,9% (10,1% no relatório anterior); com seis a sete anos, 16,7% (contra 15,6% em 2002); com oito a nove anos, 22% (20,9%). Dos carros com dez a 11 anos de uso, mais de um quarto (26,9%) precisou ir primeiro para a oficina.
Único aspecto realmente positivo do relatório: pela primeira vez desde 1985, constam dois modelos alemães no ranking dos carros com até três anos de uso mais confiáveis: o Audi 2 (2,1% de veículos com defeitos) e o Agila, que a Opel (GM) fabrica na Polônia, com 2,3%. A Toyota, por sua vez, confirmou a boa performance que os carros japoneses vêm demonstrando nos últimos anos, com seus modelos Yaris e T20.