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Livros

Gabriela Schaaf (sv)11 de fevereiro de 2007

A literatura alemã vem ganhando cada vez mais espaço dentro e fora do país. As previsões para 2007 não poderiam ser melhores.

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A retrospectiva do ano de 2006 não engana. Um escritor alemão ocupou o primeiro lugar na lista de mais vendidos na categoria de ficção no país: Daniel Kehlmann, com Die Vermessung der Welt (A medição do mundo). O romance, que vendeu até agora nada menos que 850 mil exemplares, continua na lista dos best-sellers. É bom lembrar que em 2005 o cenário era bem distinto, com autores "de entretenimento", como Dan Brown ou Joanne K. Rowling, liderando a lista dos mais vendidos.

Daniel Kehlmann
Daniel KehlmannFoto: picture-alliance/ ZB

Um dos fatores que contribuíram para um maior prestígio da literatura alemã dentro e fora do país foi a criação do Prêmio Alemão do Livro, hoje um claro agente promotor de vendas no mercado editorial.

Temas contemporâneos

Também em termos de conteúdo os escritores alemães não têm perdido o bonde da história: todos os assuntos discutidos no país acabam se refletindo na literatura. Sejam os mundos díspares entre ricos e pobres em Die Träumer (Os sonhadores), de Peter Truschner; a desorientação numa sociedade cada vez mais veloz em Die Stunde zwischen Hund und Wolf (A hora entre o cão e o lobo), de Silke Scheuermann; as diferentes trajetórias no Leste e Oeste do país em DJ Westradio, de Sascha Lange. Tudo isso além, é claro, da história alemã: assuntos como desterro ou destinos de deslocados são admiravelmente tratados também por autores bastante jovens.

Emma Braslavsky
Emma BraslavskyFoto: Heinrich

Um desses exemplos é Aus dem Sinn (Fora de órbita), primeiro livro de Emma Braslavsky. Nascida em 1971, em Erfurt, a escritora vem de uma família de desterrados. No romance, ela conta a história de uma pequena comunidade de alemães que deixaram a região dos Sudetos (hoje República Tcheca) e passaram a viver na antiga Alemanha Oriental, de regime comunista. Neste contexto, surge um conflito de gerações entre os jovens e a nostalgia dos mais velhos, que Braslavsky retrata com um veio tragicômico.

Envelhecimento

Ao contrário dos livros de não-ficção publicados no país, que se ocupam das conseqüências do envelhecimento da população para a estabilidade do sistema social do país, a literatura de ficção volta os olhos para os efeitos do envelhecimento sob a perspectiva do indivíduo. Há de se notar aqui Ostersonntag (Domingo de Páscoa), o romance de estréia de Harriet Köhler.

A autora de 30 anos, natural de Munique, descreve de forma contundente os primeiros sinais de demência do professor universitário Heiner, que se esconde por detrás das páginas de um jornal para omitir da própria mulher os sintomas óbvios da velhice. "Demência" e "perda de memória" simbolizam aqui o drama de uma família composta por quatro pessoas, que declaram o suicídio da filha mais nova como um mero acidente.

Entretenimento

Georg Klein
Georg KleinFoto: picture alliance/dpa

Georg Klein, tido hoje como um dos autores mais significativos no país, é outro que parte de temas socialmente relevantes e atuais para criar seus romances. Quem conhece os livros de Klein sabe que nada é como parece à primeira vista. E, como de praxe, ele também recorre ao gênero da "literatura de entretenimento" em seu romance Sünde, Güte, Blitz (Pecado, benevolência, raio).

Numa mistura de romance popular com história de horror, a narrativa trata da possibilidade de rejuvenescimento através de novos métodos descobertos pela medicina, da atratividade erótica, da ingenuidade da crença na ciência.

Nomes consagrados

Ingo Schulze (Bildergalerie Buchpreis-Kandidaten 2008)
Ingo SchulzeFoto: PA / dpa

Ao lado das incontáveis estréias de novos autores no mercado editorial, há também os nomes consagrados que devem continuar publicando em 2007. Ingo Schulze lança Handy. Dreizehn Geschichten in alter Manier (Celular. Treze histórias à moda antiga.) – uma alusão irônica ao bem-sucedido romance Simple Stories (Histórias simples), de sua própria autoria, editado pela primeira vez em 1998.

Thomas Brussig lança uma reportagem sobre mulheres, sexo e prostituição, com o título Berliner Orgie (Orgia berlinense), informa sua editora, a Piper. Wilhelm Ganazino, por sua vez, faz seus heróis sofrerem de sentimentos medíocres em Mittelmässges Heimweh (Saudades medíocres) – o título a ser lançado pela editora Hanser.

Grass e Walser de novo

Antje Ravic Strubel, que passa a ser editada pela S. Fischer, adota a discussão sobre gêneros em Kälte Schichten der Luft (Frias camadas de ar). Peter Handke recorre mais uma vez ao tema da viagem em Kali. Eine Vorwintergeschichte (Kali. Uma história de antes do inverno), a ser lançado pela Suhrkamp. A viagem como reconhecimento do mundo e possibilidade de "uma visão atenta e ao mesmo tempo serena", anuncia a editora.

Martin Walser (Bildergalerie Buchpreis-Kandidaten 2008)
Martin WalserFoto: PA/dpa

Last but not least, 2007 é também o ano em que dois "grandes escritores", Martin Walser e Günter Grass, comemoram 80 anos. Novos livros dos dois também chegam ao mercado: sob o título Dummer August (Agosto bobo), serão publicados poemas e desenhos de Grass, como reação ao recente debate no país sobre sua participação nas tropas da SS.

De Walser chega Das geschundene Tier (O animal maltratado), baladas com desenhos de Alissa Walser. Tanto o novo livro de Grass quanto o de Walser são ecos dos livros anteriores dos autores, lançados poucos meses atrás.