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Ação Agrária Alemã inicia semana de combate à fome

Friedel Taube (ca)13 de outubro de 2013

Na Alemanha, por iniciativa da ONG Ação Agrária Alemã, a semana que se inicia será dedicada ao combate à fome. Ao abrir a semana de ação, presidente da Alemanha diz que o direito à boa alimentação é um direito humano.

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Foto: picture-alliance/dpa

"A falta de boa alimentação nos primeiros mil dias de vida significa também a falta de oportunidades na vida mais tarde." O apelo do presidente alemão, Joachim Gauck, é claro: "O direito a uma alimentação adequada é um direito humano". Com seu discurso nas emissoras públicas alemãs ARD e ZDF, na noite deste domingo (13/10), Joachim Gauck abriu a semana de combate à fome.

Com eventos em torno do Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro, a Ação Agrária Alemã, fundada em 1962, pretende incentivar os alemães a se levantar contra a fome no mundo. Essa semana já existe há vários anos. Em 2013, o lema da semana é: "O mundo não se alimenta de forma justa".

A organização não governamental critica que 842 milhões de pessoas continuam a passar fome no mundo. Anualmente, morrem 3,1 milhões de crianças de desnutrição – em média, uma criança morre a cada dez segundos.

A cada ano, sete milhões de pessoas morrem de fome em todo o mundo. Por esse motivo, a Ação Agrária Alemã pretende que todos entendam o que significa, literalmente, uma "semana de ação".

Angela Merkel Joachim Gauck
Joachim Gauck: 'direito à boa alimentação é direito humano'Foto: picture-alliance/dpa

Os alemães devem tomar a iniciativa e coletar doações, por exemplo, em festas escolares, concertos beneficentes ou junto a empresas. "Todo mundo pode fazer alguma coisa", afirmou Gauck em seu discurso.

Repensar o comportamento do consumidor

Roman Herre, da organização de ajuda humanitária Fian (sigla em alemão para Rede de Ação e Informação pelo Direito a se Alimentar), disse estar convencido do conceito da semana de ação, em conversa com a Deutsche Welle. "É positivo quando, através de tais iniciativas, a sensibilização e a percepção do público em relação ao tema da fome aumentam e uma parcela maior da população se confronta com esse escândalo da fome."

Uma política errônea de matérias-primas, uma política de importação e exportação que leva os pequenos agricultores à dependência em países do Hemisfério Sul – estas são deficiências do sistema que conduzem à fome, disse Herre, afirmando que também os consumidores europeus podem, em pequena escala, prestar sua contribuição para resolver o problema: "As pessoas devem se informar sobre a procedência dos produtos. E, naturalmente, aqui também está em jogo um comportamento do consumidor que não implique desperdícios e consumo desproporcional."

O especialista em direitos humanos dá como exemplo a carne. "Sabemos que, ao se consumir carne, é preciso de sete ou oito vezes mais alimentos, para que um pedaço de carne seja produzido. Isso requer recursos, como, por exemplo, importações de ração." Herre disse considerar positivo o fato de, na Alemanha, cada vez mais pessoas vão às ruas protestar por uma divisão mais justa dos recursos – como foi o caso em Berlim, quando em janeiro deste ano 25 mil pessoas protestaram sob o lema "Wir haben es satt" ("Estamos fartos"). "Estas são formas de participar e de se engajar contra a fome no mundo", afirmou o ativista.

Ajuda local em vez de fluxo de dinheiro

Por outro lado, o jornalista e iniciador do "Apelo de Bonn", Kurt Gerhardt, defende outro ponto de vista. O "Apelo" critica a atual política de ajuda ao desenvolvimento dos países industrializados e defende uma política de assistência local. "O destino das pessoas se decide na África e não nas ruas e praças onde outras pessoas talvez se reúnam e coletem doações", disse Gerhardt à Deutsche Welle.

Gerhardt saúda, porém, a semana promovida pela Ação Agrária Alemã. "Isso sempre dá um pequeno impulso àquelas pessoas hesitantes, que talvez até agora não tenham prestado nenhuma contribuição, mas que através de tais iniciativas comecem a pensar: 'Ah, talvez eu pudesse'. Para essas pessoas, a semana de ação é a coisa certa."

Para Gerhardt, o importante é que o dinheiro coletado chegue realmente aos necessitados, na África, por exemplo. Isso acabaria por salvar vidas. No entanto, Gerhardt e seus colegas do "Apelo de Bonn" criticam a meta das Nações Unidas, que pretende destinar 0,7% do Produto Interno Bruto dos respectivos países à ajuda ao desenvolvimento.

Global Media Forum GMF 2011 Kurt Gerhardt
Kurt Gerhardt é iniciador do 'Apelo de Bonn'Foto: DW

Segundo Gerhard, "é preciso ter muito cuidado em enviar ainda mais dinheiro para a África. A ideia de que mais dinheiro significa mais desenvolvimento é um erro muito perigoso". Em vez disso, é preciso ajudar a erguer um sistema econômico eficaz local e combater à corrupção. Nesse contexto, pode-se exigir mais iniciativa própria por parte dos africanos, disse Gerhardt.

"Apoiem a Ação Agrária Alemã" – com esse pedido, o presidente alemão Gauck encerrou seu impressionante discurso na televisão. Os próximos dias mostrarão até que ponto os alemães irão se engajar. A semana promovida pela Ação Agrária Alemã vai até o próximo dia 20 e outubro.