Direita avança
8 de junho de 2009Segundo as projeções das TVs públicas ARD e ZDF, os partidos conservadores cristãos da Alemanha estão à frente nas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas neste domingo (07/06). A União Democrata Cristã e a Social Cristã (CDU/CSU) devem contar com o apoio de mais de 38% dos eleitores.
Apesar da perda de mais de cinco pontos percentuais em relação às últimas eleições, em 2004, a ala da chanceler federal Angela Merkel está bem à frente do Partido Social Democrata (SPD), também da coalizão governamental. Estes não deverão passar dos 21%, ficando, portanto ainda abaixo do recorde negativo de cinco anos atrás.
Em seguida vem o Partido Verde, com um pouco mais de 12% dos votos, retornando aos bons resultados de 2004. Ainda segundo ARD e ZDF, os liberais democratas alemães (FDP) conseguiram, com 10%, seu melhor resultado numa eleição europeia. Também A Esquerda teve um crescimento, ficando em torno de 7%.
Europa Central tende à direita
Nos 27 países da União Europeia, as eleições ao Parlamento Europeu transcorreram entre a quinta-feira e o domingo. As projeções divulgadas demonstram, no geral, uma tendência em direção à direita, favorecendo não só conservadores e democrata-cristãos, como também os agrupamentos radicais.
Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ) conseguiu 13,1%, portanto 6,8 pontos porcentuais a mais do que em 2004. Ainda durante a campanha eleitoral para a UE, os populistas foram criticados por suas declarações anti-islâmicas. A Lista do eurocético Hans Peter Martin, fundador de uma Iniciativa para Transparência Europeia (ETI), ficou com 18,2%, quatro pontos a mais do que nas últimas eleições para o Parlamento Europeu.
Na República Tcheca, que atualmente ocupa a presidência da UE, os conservadores Democratas Burgueses (ODS) conseguiram defender sua posição de liderança política, ficando com 29% dos votos. Aos social-democratas coube 24%, aos comunistas cerca de 15%.
Segundo dois grandes institutos de pesquisa de opinião da Hungria, a nacional-conservadora Aliança dos Jovens Democratas (FIDESZ), de oposição, conseguiu pelo menos quatro vezes mais mandatos do que o Partido Socialista Húngaro (MSZP). O único outro grupamento a alcançar o mínimo de 5%, exigido para entrar no Parlamento da UE, foi o Jobbik ("Os Melhores"), de extrema direita.
Anti-islamitas, UMP e Berlusconi
Na Holanda, os resultados já foram apresentados no próprio dia da eleição, a quinta-feira. O anti-islâmico Partido da Liberdade (PVV) obteve 15% dos votos, cabendo-lhe quatro cadeiras no Parlamento.
Também no Chipre resultados parciais já começaram a ser divulgados antes do fechamento das urnas. De acordo com estes, a conservadora Assembleia Democrática (DISY), da metade grega da ilha, filiada à UE, é o mais grupamento forte, estando à frente do Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL), de esquerda, a que pertence o presidente Dimitris Christofias.
Na França, a conservadora União por um Movimento Popular (UMP), do presidente Nicolas Sarkozy, igualmente liderou as urnas, segundo pesquisas de opinião. A situação deverá se repetir na Itália, favorecendo o Popolo della Libertà (PDL), do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
No Reino Unido estima-se, por exemplo, que o British National Party (BNP), que só admite afiliados de cor branca, estará entre os que fortalecerão sua posição nessas eleições.
Exceções
Porém, em alguns países-membros do bloco europeu, registrou-se uma tendência contrária ao avanço da direita.
Na Grécia, os oposicionistas socialistas ficaram por cima. Três diferentes pesquisas atribuem entre 36 e 39,5% dos votos ao Movimento Socialista Pan-Helênico (PASOK). O conservador Nova Democracia (ND), do premiê Costas Karamanlis ficou em segundo lugar, com 30a 33%.
A Suécia prevê a vitória para o Partido Social-Democrata dos Trabalhadores (SAP) e algumas conquistas para partidos menores. Entre esses, deverá contar tanto o Partido Verde como o Partido Pirata, que é contra restrições na internet e se bate pelo direito às cópias privadas de música e filmes.
Confirmando previsões da UE, a participação limitou-se a aproximadamente 43% do eleitorado europeu. O portal predict.eu divulgou prognóstico segundo o qual os conservadores ocuparão 262 das 736 cadeiras do Parlamento Europeu. Aos socialistas caberiam 194 mandatos, e aos liberais, 85. A atual composição do órgão é de 288 deputados conservadores, 217 social-democratas e 100 liberais.
Ensaio para setembro na Alemanha
Além de sua relevância em nível europeu, esse pleito é visto na Alemanha como um "ensaio" para as eleições nacionais em setembro próximo, onde os atuais parceiros de coalizão, CDU/CSU e SPD, se enfrentarão.
O líder social-democrata, Franz Müntefering, classificou o resultado como "decepcionante". "É uma noite difícil para nós, não há dúvida", declarou em Berlim, e conclamou seus correligionários a se concentrar na campanha pelas próximas eleições.
A perda de cinco pontos percentuais pareceu não preocupar muito os conservadores cristãos. Para eles, o essencial é continuar à frente de seus parceiros-rivais, os social-democratas.
AV/dpa/ap
Revisão: Rodrigo Abdelmalack