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Banco Central alemão na mira de um brasileiro

Assis Mendonça17 de abril de 2004

O carrossel da sucessão gira no Bundesbank, o Banco Central alemão. Entre os candidatos de maior chance está também o teuto-brasileiro Caio Koch-Weser. Mas ele enfrenta a resistência dos partidos da oposição.

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Caio Koch-Weser é o candidato predileto do governo de BerlimFoto: AP

Após a renúncia do presidente do Banco Central alemão (Bundesbank), Ernst Welteke, em conseqüência do escândalo sobre a aceitação de favores do Dresdner Bank e da BMW, começou a girar o carrossel dos candidatos ao cargo. Entre os políticos com maiores chances de se tornarem chefe do Bundesbank está o teuto-brasileiro Caio Koch-Weser, o candidato predileto do governo de Berlim. Ele é recusado, no entanto, pelos partidos da oposição e pelos diretores do Banco Central.

Os outros dois nomes com grande chance de nomeação para o cargo são Jürgen Stark e Alfred Tacke. O primeiro, Jürgen Stark, é o atual vice-presidente do Bundesbank e considerado como a solução natural para a sucessão de Welteke. No entanto, ele é rechaçado pelo governo de Berlim, que tem a prerrogativa de indicar o ocupante do cargo, em virtude da sua filiação ao partido oposicionista CDU (União Democrata Cristã).

A Alfred Tacke são atribuídas no momento as maiores chances, caso Berlim não consiga impor o nome de Caio Koch-Weser. Tacke é social-democrata e ocupa atualmente o cargo de vice-ministro no Ministério da Economia. É considerado um dos principais assessores econômicos do chanceler Gerhard Schröder. Seu nome também é recusado pelos partidos da oposição, que lhe atribuem inexperiência no setor de política monetária.

Brasileiro no governo alemão

Caio Koch-Weser, o candidato predileto do ministro das Finanças, tem um currículo internacional. Ele nasceu e viveu toda a sua infância em Rolândia, no Paraná. Seu avô, o político liberal Erich Koch-Weser, emigrou para o Brasil em 1933, depois que Adolf Hitler subiu ao poder na Alemanha, estabelecendo-se em Rolândia com a sua família.

Após concluir seus estudos universitários na Alemanha, Caio Koch-Weser fez carreira no setor financeiro internacional, chegando a ser um dos principais executivos do Banco Mundial. Na Alemanha, Koch-Weser tornou-se vice-ministro das Finanças em maio de 1999, apesar de não ser filiado ao Partido Social Democrata. É considerado um dos principais assessores do ministro Hans Eichel.

Essa é também uma das principais razões pela qual a oposição democrata-cristã rejeita a sua candidatura ao cargo de presidente do Bundesbank. A liderança da CDU acredita que Koch-Weser cederá às pressões do ministro, que deseja vender parte das reservas de ouro do Banco Central, a fim de cobrir lacunas no orçamento público.

Pedras no caminho

Não é a primeira vez que Caio Koch-Weser enfrenta resistência ao se candidatar a um cargo importante. No ano 2000, ele fora indicado pelo governo de Berlim para o posto de diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), como sucessor do francês Michel Camdessus. A candidatura de Koch-Weser foi bloqueada pelo governo dos Estados Unidos, que o acusava de ter tido uma atuação parcial no Banco Mundial, favorecendo unilateralmente os países em desenvolvimento. Berlim teve de ceder, indicando então o nome de Horst Köhler. Recentemente, Köhler renunciou ao cargo de chefe do FMI para candidatar-se à presidência da Alemanha, em maio próximo.

Caio Koch-Weser tem as cidadanias alemã e brasileira. Além dos idiomas português e alemão, que fala fluentemente e sem sotaque, ele domina ainda três outras línguas.