Juros a 1,5%
7 de julho de 2011Pela segunda vez este ano, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou nesta quinta-feira (07/07) a taxa básica de juros e sinalizou com uma nova política de maior arrocho para conter a inflação, apesar do aprofundamento da crise de débito na zona do euro. Com a elevação de 0,25 ponto percentual, a taxa básica nos países-membros agora alcança 1,5% ao ano.
Já a inflação está atualmente calculada em 2,7% entre as economias que adotam o euro – acima da meta de até 2% instituída pelo BCE.
O banco ainda ofereceu ajuda a Portugal, que se encontra sob forte pressão depois que a agência de classificação de risco Moody's rebaixou esta semana em quatro classificações a nota do país, fazendo com que alcançasse o nível "especulativo", ou "lixo". A intenção é continuar oferecendo liquidez ao país.
"Vamos continuar monitorando atentamente o desenvolvimento deste risco crescente para a estabilidade dos preços", afirmou o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
Antes mesmo da entrevista, economistas já haviam ressaltado que o uso desta frase significaria um novo aumento nos juros até o fim de dezembro, provavelmente programado para o último trimestre do ano.
Já em Londres, o Banco da Inglaterra manteve a taxa básica de juro no país – que não faz parte da zona do euro – num nível baixo recorde de 0,5%. O índice deve permanecer o mesmo até o ano que vem, avaliam economistas.
Elevação esperada
O aumento dos juros já vinha sendo aguardado pelo mercado após recentes declarações de representantes do banco, afirmando que a instituição estaria no "modo de vigilância forte" – código tradicionalmente usado para sinalizar um aumento. Para analistas, não houve surpresas no anúncio do BCE.
Os dados mais recentes sobre a economia da zona do euro são frustrantes. As demandas do setor industrial cresceram menos que o esperado, enquanto o crescimento do setor de serviços, dominante no bloco, desacelerou acentuadamente.
Liquidez para Portugal
O rebaixamento da nota de Portugal no ranking da Moody's, esta semana, abalou o mercado financeiro e levantou novas dúvidas sobre a efetividade dos esforços da Europa para resgatar países em crise na zona do euro.
O BCE prometeu garantir a liquidez aos bancos da zona do euro e Trichet afirmou que o títulos portugueses serão aceitos pela instituição, independentemente da classificação do país por agências de rating. Segundo ele, o BCE suspendeu a exigência de classificação mínima para Portugal. Esta decisão também já havia sido tomada em relação à Grécia e à Irlanda.
MS/rts/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer