Barbárie choca comunidade mundial
7 de julho de 2005A série de explosões que deixou várias pessoas feridas e causou mortes no centro de Londres, nesta quinta-feira (07/07), foi apontada pelos representantes de grandes potências como um "desastre para a humanidade".
O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, disse concordar com os participantes da cúpula do G-8 na Escócia de que "a humanidade precisa combater o terrorismo com todos os meios disponíveis". Ele se solidarizou com as vítimas e seus parentes, com o primeiro-ministro Tony Blair e o povo britânico.
"Parece óbvio que essa ação pérfida tentou atingir a cúpula econômica", avaliou o chanceler. "É uma prova do desprezo que os autores dos atentados têm pela humanidade, quando através de ataques covardes atingem pessoas inocentes e, ao mesmo tempo, tentam minar uma reunião de cúpula, cujo objetivo é vencer a fome e a pobreza na África", declarou.
O presidente alemão Horst Köhler também condenou os "ataques bárbaros" em Londres. "Os terroristas novamente atacaram com toda a sua maldade", escreveu Köhler num telegrama de condolências à rainha Elizabeth II. "Não nos curvaremos ao terrorismo e, sim, vamos combatê-lo juntos e decididamente."
O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, garantiu a "inabalável solidariedade alemã" ao Reino Unido. "O governo alemão repudia e condena o ataque ao sistema de transportes coletivos com numerosas vítimas. O terrorrismo não deve e não vai se impor", afirmou.
O premiê britânico Tony Blair, que se apressou em classificar a tragédia como um ataque terrorista – que mais tarde foi reivindicado por um grupo ligado à Al Qaeda –, deixou a reunião da cúpula do G-8 na Escócia para cuidar dos problemas na capital.
"Trata-se de uma barbárie que acontece especialmente no dia em que pessoas estão reunidas para tentar solucionar problemas como a pobreza na África ou as alterações do clima que transformam o meio ambiente", argumentou Blair.
Enquanto isso, o presidente norte-americano, George W. Bush, manteve a sua posição contra o terrorismo dizendo que "a guerra contra eles deve continuar".
Um comunicado oficial emitido pelo G-8 diz que "as bombas que atingiram Londres representam um ataque a todas as nações. Nós condenamos estes ataques bárbaros. Estamos unidos para resolver isso e defender o mundo contra o terrorismo. É um ataque contra toda a população civilizada. Não deixaremos que a violência altere a nossa sociedade e os nossos valores".
Em Londres
Ao comentar o assunto, a rainha Elizabeth II se limitou a dizer que estava "profundamente chocada". O prefeito da capital inglesa, Ken Livingstone, falou em "assassinato em massa" ao se referir às explosões.
"Não se trata de um ataque contra ricos e poderosos, nem contra políticos. É um ataque contra os trabalhadores comuns de Londres", afirmou o mandatário em Cingapura, onde se encontrava um dia depois de ver sua cidade vencer a candidatura para os Jogos Olimpícos de 2012.
"Nós vimos que vocês não têm medo de arriscar as próprias vidas, mas o que fizeram é simplesmente um assassinato em massa", emendou, dirigindo as palavras aos responsáveis pelos ataques. "E eu posso dizer a vocês que não terão sucesso com a idéia de destruir a nossa sociedade livre."
"Nos próximos dias, olhem para os nossos aeroportos e portos para verem que, depois destes ataques absurdos, continuarão chagando a Londres pessoas de todo o mundo para dar seqüência aos seus sonhos", finalizou.
Jogos Olímpicos
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, também falou sobre as explosões na capital da Inglaterra, que aconteceram menos de 24 horas depois de o COI apontar a cidade como sede dos Jogos de 2012.
"Estou extremamente triste. É uma tragédia. Eu tive que falar algumas palavras na sessão do COI desta quinta-feira, mas estava muito triste. É uma tristeza muito grande que isso aconteça no centro de uma cidade olímpica. Infelizmente não há uma cidade segura. Já tivemos experiências como esta em Nova York e Madri."
Papa
Bento 16 também se pronunciou dizendo que o ocorrido é uma "barbárie contra a humanidade". As palavras do papa vieram na forma de um telegrama enviado pelo secretário de Estado do Vaticano ao cardeal britânico Cormac Murphy-O'Connor, arcebispo de Westminster.
"Extremamente triste com as notícias dos ataques terroristas no centro de Londres, o papa oferece fervorosas orações às vítimas e a todos os que lamentam por isso", diz trecho do telegrama.
"Enquanto ele lamenta estes atos bárbaros contra a humanidade, ele pede que se leve às famílias das vítimas e dos feridos a sua presença espiritual."
Iraque
"As trágicas explosões que atingiram Londres nesta quinta-feira provam que o terrorismo é uma praga global que está em qualquer lugar", manifestou-se o presidente iraquiano, Jalal Talabani.
"O que está acontecendo no Iraque pode acontecer em qualquer país", completou Talabani, cujo país é cenário de diários ataques suicidas e de explosões de bombas.
"Eu digo aos meus irmãos árabes que o terrorismo de hoje no Iraque irá amanhã afetar os outros países árabes, assim como já aconteceu no Iêmen e na Arábia Saudita", avisou o presidente, que busca ajuda de seus vizinhos na luta contra o que levou o seu país a se transformar em praça de guerra.