Batalha por Aleppo teve crimes de guerra, diz ONU
1 de março de 2017Diversos crimes de guerra foram cometidos na batalha por Aleppo na Síria, inclusive durante a evacuação do leste da cidade, afirmou nesta quarta-feira (01/03) a ONU. Segundo uma avaliação da organização, armas químicas foram usadas no confronto e houve a execução de civis.
"A escala do que aconteceu em Aleppo não tem precedentes no conflito sírio", afirmou o chefe da comissão independente da ONU responsável por investigar violações dos direitos humanos na guerra da Síria, Paulo Sérgio Pinheiro.
O relatório da comissão documentou violações cometidas entre 21 de julho e 22 de dezembro do ano passado. Investigadores concluíram que a Força Aérea Síria utilizou substâncias químicas tóxicas, incluindo cloro, nos bombardeios e responsabilizaram Damasco pelo ataque a um comboio de ajuda humanitária que matou dez pessoas.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, sempre negou ser o responsável pelo ataque. A análise da comissão, com base em imagens de satélites e outras evidências, no entanto, mostrou o contrário. O relatório sugere ainda que a ação teria sido planejada para impedir o trabalho de ajuda humanitária.
O documento ressalta também que ataques aéreos foram conduzidos diariamente na cidade pelo regime sírio e pela Rússia. Os bombardeios miravam deliberadamente hospitais, mercados e residências.
Investigadores descreveram Aleppo como palco de uma violência implacável, na qual civis foram vítimas de crimes de guerras cometidos por ambas as partes envolvidas no conflito.
Grupos rebeldes que controlavam parte da cidade são acusados de bombardear civis no oeste e abrir fogo sem terem alvos militares. O relatório denuncia ainda o uso de civis como escudos humanos por rebeldes durante a fuga.
Um acordo para a evacuação de opositores, assinado pelo regime sírio e rebeldes, estabeleceu o fim dos confrontos e marcou a retomada da cidade pelo governo. A ONU criticou a maneira como a medida foi conduzida, sem deixar opção para civis permaneceram no leste do município.
"Esses acordos representam um crime de guerra ao forçar o deslocamento da população civil", ressalta o relatório, acrescentando que a decisão teve apenas motivos estratégicos e não levou em consideração a segurança de civis.
A batalha por Aleppo foi uma das mais sangrentas no confronto que já dura seis anos e deixou mais de 310 mil mortos. A cidade era a capital econômica do país antes do início da guerra civil.
CN/ap/afp