Batalhão de Choque entra em Alcaçuz para transferir detentos
18 de janeiro de 2017A tropa de choque da Polícia Militar do Rio Grande do Norte entrou nesta quarta-feira (18/01) na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal. A operação resultou na transferência de 220 detentos para outras prisões no estado. A medida pretende viabilizar o início da reforma do presídio.
Os policiais se dividiram em três grupos para avançar no interior da penitenciária. Não houve enfrentamentos com detidos. Os presos que deixaram Alcaçuz ocupavam os pavilhões 1 e 2, dominados pela facção criminosa Sindicato do Crime.
O governo informou ainda que 230 detentos que não fazem parte de facções criminosas e cumprem pena em outros presídios do estado serão transferidos para Alcaçuz. O secretário potiguar de Segurança Pública, Caio Bezerra, disse que não foi possível simplesmente tirar os presos de Alcaçuz, sem precisar trocá-los por detentos de outras penitenciárias, devido à dificuldade de vagas dentro do sistema carcerário.
O clima em Alcaçuz está tenso desde a rebelião de domingo que deixou 26 mortos, que seriam integrantes da facção criminosa Sindicato do Crime. Desde então, presos iniciariam uma série de pequenos motins no local.
Depois de a polícia deixar o presídio, após controlar a primeira rebelião e retirar os corpos, os detentos voltaram a subir nos telhados da unidade na segunda-feira e novamente na terça-feira.
Os detidos circulam livremente pelo presídio desde março de 2015, quando as grades das celas foram destruídas numa rebelião. A penitenciária, que comporta 620 presos, está superlotada e abriga atualmente 1.150 homens.
Bezerra disse ainda que as forças policiais do estado estão mobilizadas para evitar retaliação das facções criminosas com ataques nas ruas. Segundo o secretário, o policiamento ostensivo e os trabalhos de investigação na capital foram reforçados, e a população "pode ficar tranquila".
Apesar da declaração, pelo menos 15 ônibus foram incendiados nesta quinta-feira em Natal. A cidade registrou ainda ataques contra duas delegacias. Ninguém ficou ferido nos incidentes.
A rebelião na maior prisão do Rio Grande do Norte marca mais um capítulo da crise penitenciária no país. Segundo as autoridades, o motim na penitenciária de Alcaçuz se restringiu aos pavilhões 4 e 5 e envolveu as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime. O governador do estado, Robinson Faria, disse que o massacre foi uma vingança do PCC pela chacina ocorrida em Manaus.
CN/lusa/abr