Beck: "a Alemanha é aberta a imigrantes"
28 de agosto de 2005Chegando a 25%, a taxa de desemprego entre estrangeiros é duas vezes maior que a de alemães nativos. Mesmo assim, a encarregada do governo alemão para questões ligadas à migração e à integração de estrangeiros, Marieluise Beck, está convencida de que fez progressos significativos durante os quase sete anos em que ocupa o cargo.
Para ela, o maior sucesso da política de imigração do atual governo é a Lei de Imigração de 2004, aprovada após longas negociações com a oposição e que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2005. "Com a nova lei, abrimos caminhos para que a Alemanha receba novos imigrantes de braços abertos e aceite o desafio da integração", disse.
Modelo é o Canadá
Caso Beck e a coalizão de verdes e social-democratas houvessem tido mais sucesso na negociação com a oposição democrata-cristã, a nova lei de imigração teria ido um pouco mais adiante. Eles esperavam que, pela primeira vez na história, a Alemanha viesse a possuir parâmetros legais que permitissem a profissionais qualificados o acesso fácil à imigração.
"Queríamos adotar o sistema de pontos, como no Canadá. Nesse sistema, os imigrantes recebem uma avaliação por pontos de acordo com suas qualificações, o que facilitaria sua entrada no país", explica Beck.
Mas essa parte da lei não passou nem pela Comissão de Mediação entre as duas câmaras do Legislativo, nem pela câmara alta, o Bundesrat. Também os critérios para autônomos que queiram se instalar no país foram dificultados. Imigrantes autônomos devem investir um mínimo de um milhão de euros ou criar doze novos empregos.
Para Beck, outro pomo da discórdia é o fato de que o acesso de profissionais estrangeiros formados em universidades alemãs ao mercado de trabalho local ainda é muito difícil.
País precisa de imigrantes
No entanto, a maioria dos especialistas parece concordar que a Alemanha precisa da imigração. Mas como prevenir uma invasão de imigrantes com baixo nível de formação?
"Primeiro, precisamos deixar claro que o recrutamento de trabalhadores pouco qualificados era uma política nacional durante as décadas de 50 e 60", disse Beck. "Nós aceitamos a responsabilidade que isso implica, tanto que arcamos com os custos de estratégias educacionais extensivas direcionadas a filhos de imigrantes de primeira e segunda geração."
Migração é o futuro
Os que são a favor de uma política de imigração mais liberal enfatizam que a Alemanha irá necessitar ainda mais de imigrantes no futuro para poder estabilizar seu sistema de seguridade social.
Mas, mesmo que em teoria isso seja verdade, a realidade pode ser muito diferente, disse Beck. Muitas das famílias que se instalam na Alemanha cobram os serviços desse mesmo sistema, e especialistas econômicos alertam para um fluxo de imigrantes interessados na generosidade do Estado alemão.
Para Beck, situações como essa só acontecem porque esses imigrantes são excluídos do mercado de trabalho. "Claro, há imigrantes interessados no bem-estar social alemão", admitiu. "Mas eles tendem a ser migrantes de etnia alemã que não conseguem uma vaga no mercado de trabalho, ou imigrantes judeus, cujas respeitáveis profissões freqüentemente não são respeitadas por aqui. Ou são refugiados, a quem efetivamente negamos acesso ao emprego."
Beck insiste que deveria ser feito mais para lidar com esse problema. Segundo ela, o caminho mais eficiente para o futuro seria aprovar os itens da Lei de Imigração que não alcançaram a aprovação da maioria em 2004.