Belarus anuncia que não vai executar cidadão alemão
30 de julho de 2024O líder de Belarus, Alexander Lukashenko, decidiu nesta terça-feira (30/07) conceder um "perdão" a um cidadão alemão que havia sentenciado à morte pelo regime sob a acusação de "terrorismo" e "atividades mercenárias".
"O presidente Alexander Lukashenko decidiu indultar o cidadão alemão Rico Krieger (…) levando em consideração o conjunto de circunstâncias", relatou a agência estatal Belta, citando o serviço de imprensa do governo.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha confirmou posteriormente que um cidadão alemão em Belarus foi perdoado. "A notícia é um alívio", disse o porta-voz, segundo a agência Reuters.
Já se sabia que os advogados de Krieger estavam buscando uma suspensão da execução e que Lukashenko estava considerando a proposta.
"Confissão” televisionada
Os detalhes sobre o caso são relativamente escassos, mas Belarus acusou Krieger de suspostamente fotografar locais militares sensíveis e de colaborar com os serviços de segurança ucranianos, algo que as autoridades de Kiev negaram.
Ele foi condenado com base em seis artigos do código penal de Belarus no mês passado, após um julgamento secreto.
Na semana passada, a mídia estatal de Belarus também transmitiu uma declaração televisionada do homem. Nessa "confissão", ele disse que a agência de espionagem ucraniana SBU havia lhe dito para tirar fotos de instalações militares e também para colocar explosivos em um trem. Ele disse que os explosivos detonados não feriram ninguém.
"Arrependo-me profundamente do que fiz e fico aliviado por não ter havido vítimas", disse ele, acrescentando que se sentia "abandonado" pelo governo alemão.
Não está claro até que ponto esses comentários podem ter sido feitos sob tortura ou como parte da tentativa de garantir um perdão. Uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha criticou duramente a transmissão da "confissão".
"Infelizmente, é uma prática comum em Belarus apresentar pessoas em vídeos ou na televisão dessa forma e, obviamente, estamos muito preocupados com o fato de que esse tipo de exibição viola enormemente a dignidade humana", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Kathrin Deschauer. "Só podemos apelar à liderança de Belarus para que interrompa essa prática."
Último país na Europa a aplicar a pena de morte
Aliada do presidente russo Vladimir Putin, Belarus, que é governado com mão de ferro Alexander Lukashenko desde 1994, é o único país europeu que ainda aplica a pena de morte – exclusivamente contra homens. A Rússia também mantém a pena em seu código criminal, mas não executa oficialmente condenados desde os anos 1990.
Nos últimos dois anos, Belarus aprovou a execução como punição para alta traição e "tentativa de terrorismo".
Condenados são executados com armas de fogo, em datas que não são tornadas públicas. Os corpos dos mortos não são entregues às famílias, que também não são informadas o local do enterro.
ra (AFP, Reuters, ots)