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Berlim cancela espetáculo sobre massacre armênio em Istambul

25 de outubro de 2016

Projeto musical "Aghet", da Orquestra Sinfônica de Dresden, tematiza genocídio cometido pelo Império Otomano há cem anos e seria apresentado em consulado alemão na Turquia. Oposição critica decisão.

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Dresdner Sinfoniker Projekt aghet – ağıt
Foto: Filip Zorzor

O Ministério do Exterior da Alemanha anunciou nesta terça-feira (25/10) a suspensão da apresentação do espetáculo musical Aghet, agendada para 13 de novembro no consulado alemão em Istambul, na Turquia. O projeto, uma iniciativa da Orquestra Sinfônica de Dresden, com patrocínio da União Europeia (UE) e do ministério, tematiza o genocídio dos armênios pelo Império Otomano, há cerca de cem anos.

Em comunicado, o ministério afirmou que "as instalações do consulado não estarão disponíveis em 13 de novembro", mas não forneceu uma nova data para a apresentação. O texto afirma que "convites para o evento foram enviados sem a participação" do ministério.

De acordo com a imprensa alemã, a Orquestra Sinfônica de Dresden enviou convites para a apresentação em Istambul a personalidades políticas, como o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro Binali Yildirim, o ministro do Exterior, Mevlut Cavusoglu, e o ministro da Cultura, Nabi Avci.

Já há alguns meses o embaixador da Turquia vinha insistindo para que a UE suspendesse seu patrocínio ao projeto, mas a Comissão Europeia não se curvou à exigência. Em represália, Ancara decidiu abandonar, no início deste mês, o programa Europa Criativa, acordo cultural assinado em 2014 com a UE e que previa um total de 1,46 bilhão de euros em verbas de apoio a artistas.

A oposição alemã criticou duramente a decisão. A líder da bancada de A Esquerda no Parlamento, Sahra Wagenknecht, acusou a chanceler federal Angela Merkel e o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, de se inclinarem perante Erdogan. "A política do governo alemão é feita em Ancara?", questionou.

O massacre da minoria cristã armênia entre 1915 e 1923 é um tema delicado para a Turquia. Como sucessora do Império Otomano, Ancara rejeita até hoje a classificação como genocídio das 800 mil a 1,5 milhão de mortes. Em 2 de junho de 2016, o Parlamento alemão reconheceu, em resolução, o genocídio dos armênios, alinhando-se a cerca de 30 Estados e a personalidades como o papa Francisco. A decisão, no entanto, estremeceu as relações entre Berlim e Ancara.

A Orquestra Sinfônica de Dresden – junto ao idealizador de Aghet, o compositor e violonista berlinense Marc Sinan, de ascendência turco-armênia – afirmou que a peça pretende ser um projeto de reconciliação, reunindo músicos alemães, turcos e armênios para tocar lado a lado. O convite afirma que o objetivo do espetáculo é "curar as feridas do passado turco e armênio".

EK/afp/ap/dpa