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Berlim cobra explicação dos EUA sobre suposto agente duplo

6 de julho de 2014

Governo alemão exige esclarecimentos sobre caso do funcionário do serviço secreto alemão preso por suspeita de passar dados sigilosos aos americanos. Caso pode ampliar tensão no relacionamento entre os dois países.

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Foto: imago/Robert Michael

Berlim exige esclarecimentos de Washington sobre o caso do funcionário do serviço secreto alemão preso por suspeita de vender documentos sigilosos aos EUA. O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, o presidente alemão, Joachim Gauck, e o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, cobraram explicações do governo americano. O portal alemão de notícias Spiegel Online noticiou neste domingo (06/07) que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, se disse "chocada" com o caso.

"Espero que todos colaborem de forma rápida para o esclarecimento das acusações e que haja também explicações imediatas e inequívocas dos EUA", apelou o ministro Thomas de Maizière, em entrevista ao jornal Bild, a ser publicada na edição desta segunda-feira.

"Agora chega"

Em entrevista ao canal de televisão estatal alemão ZDF, o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, alertou que, se as suspeitas forem confirmadas, os EUA estão colocando em risco a amizade com a Alemanha. "Chegou a hora de dizer, 'agora chega'", avisou o chefe de Estado.

Até agora, a Casa Branca e o Departamento de Estado dos EUA se recusaram a comentar a prisão de um funcionário do Departamento Federal de Informações (BND, na sigla em alemão), na quarta-feira, acusado de vender informações sigilosas para o serviço secreto dos EUA.

Innenministerkonferenz
Ministro Thomas de Maizière cobrou "explicações inequívocas"Foto: picture-alliance/dpa

Segundo a agência de notícias alemã DPA, o homem preso confessou ter encaminhado, durante mais de dois anos, 218 documentos ao serviço secreto americano, em troca de 25 mil euros.

"Caso as informações forem verdadeiras, então estaremos falando de algo que não é coisa pequena", disse neste domingo o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, durante visita à Mongólia. Ele cobrou que os EUA colaborem no esclarecimento do incidente "o mais rápido possível". "Para seu próprio interesse, os Estados Unidos devem cumprir sua obrigação em cooperar", afirmou.

Laços já estremecidos

O incidente corre o risco de provocar mais tensões no relacionamento entre os dois países, já estremecido pela revelação, no ano passado, de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA realizou operações de espionagem em grande escala dentro da Alemanha tendo, inclusive, grampeado o celular da chanceler Angela Merkel.

A chefe de governo alemã teria se mostrado "desapontada" e "chocada" com o caso, escreveu neste domingo o portal Spiegel Online, edição eletrônica da revista Der Spiegel, citando membros da delegação de executivos e deputados que acompanha Merkel em uma viagem à China. "Durante o voo rumo ao país asiático, o grupo teria tido uma longa conversa com a chanceler", informa a publicação.

Angela Merkel in China
Em viagem à China, chanceler Merkel teria se mostrado "chocada"Foto: Goh Chain Hin/AFP/Getty Images

A ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou durante um evento em Berlim, que soube do caso pela mídia, mas que, se a suspeita for confirmada "se trata claramente de um assunto sério" e que as relações entre a Alemanha e os Estados Unidos nas áreas de serviços de segurança e de inteligência "não devem ser comprometidas".

De acordo com o jornal Bild am Sonntag, o funcionário do BND preso trabalhava para a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). Ele teria confessado que encaminhou aos americanos dados sobre a comissão de inquérito do Parlamento alemão que investiga as atividades na Alemanha da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos.

MD/afp/dpa/rtr