Irã
27 de dezembro de 2011O governo alemão criticou a sentença de morte contra a iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani e apelou para que Teerã não permita sua execução. "Apelamos às autoridades iranianas a iniciarem um novo processo contra a senhora Ashtiani e que, enquanto isso, a mantenham em liberdade", disse o comissário alemão de Direitos Humanos, Markus Löning, ao jornal Berliner Zeitung.
Berlim reage, assim, a relatos de que a iraniana, de 43 anos, será executada, apesar de maciços protestos do exterior. Ashtiani foi condenada à morte por apedrejamento em 2006, por suposto adultério. A sentença foi suspensa após protestos de ativistas de direitos humanos do mundo inteiro.
De acordo com a agência de notícias Fars, há dentro do sistema judiciário iraniano intenções de executar Ashtiani, sob a alegação de que ela havia ajudado seu amante a matar o marido. Em vez do apedrejamento, a nova pena para Ashtiani seria enforcamento. Segundo as autoridades iranianas, entretanto, ainda não há um veredicto final.
Sem pressa
Malek Sharifi, responsável pela Justiça na província de Azerbaijão Oriental, disse, no entanto, que está à espera de uma decisão das autoridades religiosas. “Não temos pressa para decidir", acrescentou.
Sakineh Mohammadi-Ashtiani foi inicialmente condenada à morte por apedrejamento, considerada culpada por adultério. Mas foi também condenada a uma pena de 10 anos de prisão pelo assassinato do marido. Sharifi afirmou que o enforcamento é a única sentença praticável, já que ele não possui "os meios para uma execução por apedrejamento”.
O caso tem causado confusão entre os próprios juristas no Irã, por não ser totalmente claro qual sentença é agora válida. Mesmo o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, havia negado no ano passado que Ashtiani houvesse sido condenada a apedrejamento, no que foi desmentido pela Justiça.
Novo escândalo deve ser evitado
Muitos observadores no Irã acreditam que a Justiça do país decidirá contra uma pena de morte, devido à grande atenção internacional. Tanto as autoridades judiciárias quanto o governo querem que o problema seja esquecido o mais rápido possível, para evitar possíveis consequências políticas, afirmam analistas. A liderança iraniana não quer um novo escândalo. Por outro lado, tampouco quer deixar a impressão de que Teerã esteja cedendo à pressão do Ocidente.
O caso chamou atenção na Alemanha após dois repórteres do jornal Bild am Sonntag terem sido presos em outubro de 2010, quando entrevistavam o filho de Ashtiani. Eles foram acusados de trabalhar no Irã como jornalistas sem o visto necessário. Os alemães foram soltos em fevereiro, após cerca de quatro meses detidos.
MD/dapd/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente