Berlim deve aprovar plantio de transgênicos
12 de janeiro de 2004"Acho que no mais tardar até meados do segundo semestre, os consumidores europeus já encontrarão milho transgênico nas prateleiras do supermercado", revelou a ministra alemã da Agricultura e Defesa do Consumidor, Renate Künast, em reportagem publicada nesta segunda-feira (12) no diário Berliner Zeitung. Ainda segundo a ministra do Partido Verde, o primeiro tipo de milho transgênico deve ser liberado pela União Européia provavelmente em junho.
O governo de coalizão social-democrata e verde pretende aprovar o projeto de lei regulamentando o plantio de transgênicos na Alemanha ainda em fevereiro, anunciou Künast. Nele, serão fixadas condições para a plantação de milho modificado geneticamente, atendendo às diretrizes para a liberação estipuladas pela União Européia no ano passado. "Pela primeira vez, o consumidor terá assegurada a liberdade de escolha, enquanto o agricultor recebe condições seguras de plantio", prosseguiu a ministra.
Um dos pontos centrais no projeto de lei prevê que os agricultores serão obrigados a evitar misturas e miscinagenações. Para que isso não aconteça, serão estipuladas, entre outras medidas, distâncias mínimas entre os campos. Cercas vivas ou arbustos deverão servir de barreira para dificultar a miscigenação. Para a orientação dos agricultores que quiserem zelar pela pureza de seus produtos, será criado um registro com a localização das plantações transgênicas. Em lavouras de orgânicos ecologicamente mais sensíveis, o plantio de transgênicos tem de ser comunicado oficialmente.
Proteção do consumidor e biotecnologia
Renate Künast lembrou que, antes de tudo, a legislação serve para proteger o consumidor final e não para o incentivo à biotecnologia, como pretendia o Partido Social Democrata do chanceler Gerhard Schröder. Quem pratica a agricultura orgânica terá sua produção protegida de tal forma que miscigenações, mesmo involuntárias, serão passíveis de indenização pelo vizinho que usa organismos geneticamente modificados (OGM). Por enquanto, o emprego de OGM na Alemanha está regulamentado apenas para rações animais.
Segundo a diretriz européia de 2 de julho de 2003, deverá ser rotulado qualquer alimento ─ inclusive importados, seja para consumo humano ou animal ─ que contenha mais de 0,9% de organismos geneticamente manipulados. Para facilitar sua rastreabilidade, será criada uma legislação à parte.
A soja e o milho geneticamente modificados foram considerados exceção. Durante três anos, será tolerada a cota de 0,5% de transgênicos para serem considerados convencionais. Depois, não poderão mais ter nenhum resquício de gene alterado. Além disso, o Parlamento Europeu conseguiu impor a obrigação de rotulagem mesmo quando no produto final não puderem ser comprovadas proteínas de OGMs ou indícios de modificação no DNA.