Berlim está à beira da falência
12 de fevereiro de 2002"O montante é uma aberração, não dá para chamar de outra coisa", reconheceu o secretário das Finanças de Berlim Thilo Sarrazin, ao anunciar que a cidade-estado terá que solicitar aos bancos créditos de mais de 6 bilhões de euros em 2002. Para Jochen Esser, especialista em finanças do Partido Verde, que não faz parte do governo estadual, não foram contemplados todos os gastos: "O orçamento está completamente fora de controle, não dá mais para o governo resolver isso sozinho."
Segundo Esser, ainda faltam os bilhões de euros que Berlim terá que injetar para salvar a Bankgesellschaft (sociedade de bancos), uma semi-estatal que afundou e levou consigo o último prefeito-governador da cidade, Eberhard Diepgen, da União Democrática Cristã (CDU). Diepgen governava em coalizão com os social-democratas.
A Justiça como última instância
- O que o Partido Verde e a União Democrática Cristã exigem é uma ajuda do governo federal, pois a cidade estaria, há muito tempo, numa situação de emergência que justifica tal apoio. Os democrata-cristãos pressionam para que o governo social-democrata e neocomunista da capital, se preciso, recorra ao Tribunal Federal Constitucional para obter o auxílio. Na mesma tecla insistiu, no último domingo (10/2), o conceituado Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), que exigiu o socorro do governo federal para a capital endividada.O atual prefeito Klaus Wowereit, do Partido Social Democrático (SPD), vai tentar aliviar o problema, através do corte de gastos. Ele e seu secretário das Finanças sabem que as dívidas não surgiram de pouca arrecadação, mas sim dos gastos excessivos, principalmente no serviço público. Haverá, portanto, corte de milhares de empregos. Como os sindicatos já se manifestaram contrários a medidas drásticas, a capital não escapará de manifestações de protesto e muitos conflitos.
Até o final de fevereiro, os secretários têm prazo para sugerir cortes e, diante de dívidas tão astronômicas, não se exclui a extinção nem de algumas "vacas sagradas" da capital, que tem vários teatros, óperas e orquestras municipais e estatais. Em entrevista à emissora Deutschlandradio, Wowereit disse que irá negociar com a União um pacto para salvar Berlim da insolvência e só recorrerá ao Tribunal, se não obtiver êxito. O prefeito chamou o balanço das dívidas, feito pelo seu secretário das Finanças, de "um choque com efeito benéfico". Somente em juros, a cidade-estado terá de pagar, no mínimo, 6 milhões de euros diariamente.