Berlim inaugura seu mais novo e controverso centro cultural
9 de outubro de 2020É sabido que, em Berlim, grandes projetos de construção tendem a demorar um pouco mais. A data de inauguração costuma ser protelada com frequência. Um exemplo disso é o novo aeroporto, que deve começar operações neste mês após um atraso de mais de oito anos. Nesta quarta-feira (07/10) foi a vez do anúncio da abertura de outro grande projeto da capital alemã: o Humboldt Forum.
A data prevista para o início da abertura gradual do centro cultural é o próximo 17 de dezembro, quando o público passará a ter acesso ao subsolo e ao andar térreo do prédio; as exposições no segundo e terceiro andares e a plataforma de observação no telhado só poderão ser visitadas em etapas posteriores ao longo de 2021.
Situado num prédio cuja fachada é uma reconstrução do Palácio da Cidade de Berlim (Berliner Stadtschloss), antiga residência oficial dos reis da Prússia, o Humboldt Forum deveria ser inaugurado em 2019, por ocasião do 250º aniversário do naturalista que dá nome ao centro cultural, Alexander von Humboldt.
Inúmeros atrasos na construção conduziram a adiamentos – e aumentaram os custos em cerca de 50 milhões de euros (cerca de R$ 328 milhões). Mais recentemente, a pandemia de coronavírus também afetou as obras: devido aos bloqueios em toda a Europa, muitos trabalhadores não puderam entrar, e a entrega de materiais também parou.
Abertura em etapas
As seções da construção serão abertas em etapas a partir do final do ano. Em primeiro lugar estão o Schlüterhof (pátio interno batizado em homenagem ao escultor e arquiteto barroco Andreas Schlüter) e o corredor que leva até ele. Ambos devem ficar acessíveis 24 horas por dia. No subsolo e no piso térreo, exposições fornecem informações sobre a história do lugar, assim como sobre Alexandre e seu irmão Wilhelm von Humboldt. Três exposições serão abertas experimentalmente no primeiro andar a partir de janeiro.
Erguido a um custo de cerca de 644 milhões de euros (R$ 4,25 bilhões), o Humboldt Forum tem fachada que reproduz fielmente o palácio barroco original, destruído na Segunda Guerra Mundial e demolido a partir de 1950, dando lugar ao Palácio da República, sede do Parlamento da Alemanha Oriental, que, por sua vez, foi demolido em 2008.
Controvérsias
A reconstrução do Palácio da Cidade de Berlim é baseada em um projeto do arquiteto Franco Stella, que reproduziu três das quatro fachadas externas, incluindo a cúpula e as três fachadas barrocas do pátio interno, foram reconstruídas.
Entretanto, o interior do prédio não reproduz o palácio original. A construção e a reconstrução foram alvo de polêmicas por anos. O projeto vem sendo criticado desde o início da fase de planejamento, e para muitos seria desnecessária. Uma das grandes controvérsias envolve a cúpula da construção, com inscrições e símbolos que lembram o colonialismo.