Berlim: Madri não se rendeu ao terror
19 de abril de 2004A decisão da Espanha de retirar os seus 1300 soldados do Iraque, a curto prazo, deixa claro o quanto o papel da ONU é importante na transição política no país, afirmou a líder do Partido Verde, Krista Sager. Com isto, ela confirma a posição que o gabinete do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, sempre defendeu desde o início do conflito, favorável a uma ação da ONU no processo de devolução da soberania iraquiana. Berlim liderou a resistência à guerra e continua se negando a enviar soldados ao Iraque.
Madri não cede ao terror
- O governo alemão discorda, de maneira categórica, da avaliação de que o novo gabinete espanhol teria se curvado ao terrorismo. "Não compartilhamos desta acusação", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Walter Lindner, em Berlim.Lindner argumentou que a retirada das tropas foi anunciada há muito tempo e destacou que "Berlim respeita a decisão autônoma do premiê Zapatero". Terroristas islâmicos foram os responsáveis por uma série de atentados em Madri há pouco mais de um mês, matando 191 pessoas.
O vice-porta-voz do gabinete alemão, Thomas Steg, também destacou a disposição de Berlim em apoiar a ONU, com todas as suas forças, no processo de transição política no Iraque. A Alemanha está ocupando este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que está discutindo no momento uma nova resolução sobre o Iraque.
Zapatero afirmou que a decisão de retirar as tropas espanholas se deu devido à improbabilidade de uma resolução que viesse a corresponder aos anseios do seu governo. Apesar da resistência e da violência no Iraque, os Estados Unidos querem entregar o poder em 30 de junho a um governo interino.
Reação americana
- O governo dos EUA reagiu com reservas ao anúncio feito pelo novo primeiro-ministro espanhol, José Luiz Rodríguez Zapatero, um dia depois de sua posse, de retirar os soldados espanhóis no surpreendente prazo de 15 dias."Sabíamos, desde as eleições na Espanha, que a intenção do novo primeiro-ministro seria retirar as tropas do Iraque", disse o porta-voz da Casa Branca, Ken Lisaius. O porta-voz afirmou esperar que Madri concretize sua decisão de maneira coordenada e ordeira, agradecendo aos demais parceiros de coalizão "a solidariedade na execução de tarefas importantes no Iraque".
A retirada das tropas espanholas do Iraque vai durar, provavelmente, um mês. O jornal El País anunciou que os 1300 soldados serão transportados de volta para casa em etapas. Fontes militares informaram que um navio será enviado ao Iraque para transportar os tanques e demais equipamentos do contingente espanhol.
O novo premiê Zapatero ordenou a paralisação imediata da substituição regular de tropas no Iraque, há poucas semanas, ainda durante o governo de José Maria Aznar, derrotado nas eleições parlamentares.
Madri mantém luta antiterror
- A Espanha estaria, porém, decidida a cumprir suas obrigações no combate ao terrorismo internacional, segundo destacou o ministro das Relações Exteriores, Miguel Moratinos. O governo de Zapatero espera, ao mesmo tempo, que a saída das tropas do Iraque não afete as relações da Espanha com os EUA.O chefe da diplomacia espanhola garantiu que seu país vai cumprir a promessa de contribuir para a reconstrução do Iraque que fizera na última conferência de doadores de recursos.