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Berlim no verão: arte entre as águas

Simone de Mello17 de julho de 2004

A Ilha dos Museus de Berlim é um dos espaços mais visitados da capital. Além de acervos de importância internacional dentro de seus imponentes museus, a ilha é um inspirador palco de eventos durante o verão.

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Museu Bode na entrada da Ilha dos MuseusFoto: Illuscope
Alexanderplatz bei Nacht
Alexanderplatz à noiteFoto: Kay Herschelmann

A "Museumsinsel" de Berlim é e não é uma ilha, como o nome leva a crer. No sentido geográfico, seria mais uma península em meio ao Rio Spree, surgida no século 17 por meio da drenagem e aterro de um pântano ao sul do rio. Do ponto de vista urbano, no entanto, é uma ilha de sossego em meio ao movimentado centro de Berlim: entre a agitada área de bares e galerias de arte nas imediações do Hackescher Markt, o denso tráfego de pedestres no Alexanderplatz e uma das principais estações de metrô e trens urbanos, a Friedrichstrasse.

Basta atravessar uma das pontes do "continente" para a Museumsinsel, para sentir o quanto o seu ambiente se distingue da confusão urbana. As pessoas que passeiam por ali parecem caminhar num outro ritmo, um ritmo mais contemplativo, diferente de quem se movimenta através de ruas de comércio: os passantes olham sem procurar nada em específico, parecem querer apenas se inserir naquele inusitado cenário de outra época.

Inusitado, pois seus edifícios neoclássicos, construídos entre 1830 e 1930 – O Museu Antigo (Altes Museum), a Antiga Galeria Nacional (Alte National Galerie), o Museu Pérgamo (Pergamonmuseum) e o Museu Bode (Bodemuseum) - dão a ilusão de que a ilha foi poupada dos bombardeios, ao contrário do restante da cidade.

Alte Nationalgalerie Berlin
Cúpula da Antiga Galeria NacionalFoto: AP

Passeio de barco e cinema ao ar livre

Mas isso não é verdade. Destruída em 70% durante os bombardeios da Segunda Guerra, a Ilha dos Museus foi reconstruída em grande parte durante o pós-guerra pelo governo da ex-Alemanha Oriental – com exceção do Museu Novo (Neues Museum), que ficou em ruínas até 1987 e estará em construção até 2010, de acordo com o projeto de "reconstrução crítica" do arquiteto inglês David Chipperfield. ­

Blick auf ein Modell der Berliner City mit der Museumsinsel
Maquete do projeto de restauração da Ilha dos Museus para a UnescoFoto: AP

A proximidade da água, a travessia das pequenas pontes, a vista da base dos imponentes edifícios imersa no Spree e o tráfego dos pequenos barcos pelos canais tornam ainda mais intenso o prazer de caminhar pela Ilha dos Museus, que já surgiu – em meados do século 17 – como um anexo de plantas exóticas do Lustgarten e posteriormente serviu como base do crescente transporte fluvial de alimentos na cidade.

A melhor forma de chegar à Museumsinsel é de barco, pois o impacto de seus edifícios é ainda maior quando eles são avistados de baixo, da água. A melhor época para aproveitar este espaço singular é o verão: de maio a setembro, o Museumsinselfestival organiza concertos, seções de cinema e apresentações de ópera ao ar livre. Uma diversão especial é visitar a feira de antigüidades que ocorre todos os fins de semana em frente ao Museu Pérgamo.

Mudanças de cenário até 2020

Pergamonalter wieder zu sehen in Berlin
Altar de PérgamoFoto: AP

Tudo isso, sem falar dos tesouros que esperam o visitante dentro dos museus. As coleções da Ilha dos Museus compreendem toda a cultura da Antiguidade européia e asiática, além da pintura do século 19 e numismática. Mas a própria ilha é uma obra de arte, um work in progress arquitetônico que deverá se completar somente no ano 2020.

De acordo com o plano de restauração e reforma do complexo arquitetônico que faz parte da lista de patrimônios da humanidade da Unesco desde 1999, a restauração do Museu Bode deverá ficar pronta em 2006, a construção do Museu Novo em 2010 e as reformas do Museu Antigo e do Pérgamo, que deverá adquirir uma quarta ala envidraçada de acordo com o projeto do arquiteto O.M.Ungers, serão encerradas somente daqui a 16 anos.

Até lá, o visitante tem que contar com um elemento extra na paisagem da ilha: os guindastes, andaimes e tapumes que prometem não desaparecer tão cedo da skyline de Berlim.