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Berlim saúda papel modesto da ONU no Iraque

ef15 de agosto de 2003

Alemanha vê na nova resolução do Conselho de Segurança um passo importante para a ampliação do papel da ONU no Iraque. Embaixador alemão na ONU, Wolfgang Trautwein, reclama, todavia, de falta de transparência dos EUA.

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Ministro Struck: tropa alemã no Iraque só com mandato da ONUFoto: AP

Os Estados Unidos discutiram o seu projeto de resolução apenas com os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança – Rússia, França, Grã-Bretanha e China – e o submeteram a seguir à votação, segundo Wolfgang Trautwein, embaixador alemão na ONU. A resolução reconhece o governo provisório em Bagdá e autoriza o Conselho a criar uma comissão de apoio das Nações Unidas para o Iraque, de sigla UNAMI, cujas funções se limitam à prestação de ajuda humanitária e técnica na reconstrução do país.

Três meses e meio após o fim dos principais combates no Iraque, o Conselho de Segurança aprovou a resolução com 14 votos a favor e nenhum contra. Só a Síria absteve-se de votar. O seu embaixador, Mikhail Wehbe, justificou que Washington não deu oportunidade para consultas necessárias. Alemanha, França, Rússia e outros Estados avaliaram a criação da UNAMI como um passo importante para a ampliação do papel da ONU no Iraque.

Schröder desconversa sobre missão militar

- Antes da votação do Conselho, na quinta-feira (14), o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, já havia dito que se alegraria com um papel forte da ONU no Iraque, baseado numa nova resolução. O chefe de governo desconversou, todavia, sobre o envio de soldados alemães para o Iraque, alegando que ninguém solicitou tal missão até agora.

Schröder destacou o interesse do seu governo no processo de pacificação do Iraque, mas ponderou que essa responsabilidade é, em primeira linha, dos aliados. A Alemanha se opôs categoricamente à guerra anglo-americana para derrubar o regime de Saddam Hussein e com isso criou a sua maior crise do pós-guerra com a superpotência americana.

Embora o texto da resolução fale de um "papel importante da ONU no Iraque", os EUA continuam rejeitando uma tarefa militar da organização para a segurança do país. Para Berlim, isso pode ser uma boa notícia, segundo a versão alemã do Financial Times, pois Schröder não teria mais de temer que o presidente Georg W. Bush solicite uma ação de tropas alemãs no Iraque, no encontro que os dois provavelmente terão no final de setembro, em Nova York, por ocasião da Assembléia Geral da ONU.

Bush já sabe que Schröder não mandará soldado algum sem um mandato da ONU. Washington está se esforçando para conseguir o maior número possível de tropas de países amigos para uma ação no Iraque, segundo o jornal New York Times.

O ministro alemão da Defesa, Peter Struck, já deixou claro que missão militar alemã no Iraque só ocorrerá no âmbito da OTAN e com mandato da ONU. E a nova resolução não tem nada a ver com uma transmissão de responsabilidade militar para a ONU no Iraque, como destacou o porta-voz da política exterior e vice-líder do Partido Social Democrata (SPD), Gernot Erler. "A UNAMI terá tarefas meramente humanitárias e muito modestas na área de reconstrução do Iraque", afirmou.

Para o jornal alemão Neues Deutschland,a nova resolução não só legitima a política devastadora dos EUA, mas também garante um pouco de influência da comunidade internacional no Iraque, a fim de minimizar as perdas e custos americanos no país. No último instante, Bush recusou um papel maior da ONU, embora a população iraquiana careça de uma ordem estatal, de água, energia elétrica e permaneça dependente de material de ajuda.