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Biden concede perdão presidencial ao filho Hunter

2 de dezembro de 2024

Decisão do pai evita que Hunter Biden seja preso e contradiz promessa de não interferir nos problemas judiciais do filho.

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Joe Biden e o filho Hunter
A decisão de Biden foi anunciada poucas semanas antes de Hunter, já condenado, receber suas penasFoto: Craig Hudson/REUTERS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indultou neste domingo (01/12) o filho dele Hunter Biden, de 54 anos, que enfrenta dois processos criminais na Justiça americana, apesar de ter dito repetidamente ao longo do ano que não iria interferir nos problemas legais do filho.

O perdão presidencial poupa Hunter de uma possível sentença de prisão tanto no processo por compra ilegal de uma arma como no caso de sonegação de impostos, depois de ele já ter sido condenado em ambos.

Biden argumentou que as acusações foram politicamente motivadas e destinadas a prejudicá-lo politicamente. "As acusações nos casos dele [Hunter] surgiram somente depois que vários de meus oponentes políticos no Congresso as levantaram para me atacar e se opor à minha eleição", afirmou.

Perdão amplo

A decisão foi anunciada poucas semanas antes de Hunter, já condenado, ser sentenciado nos dois casos e menos de dois meses antes do retorno do presidente eleito, Donald Trump, à Casa Branca.

O amplo perdão do presidente abrange não apenas os processos de armas e de impostos, mas também quaisquer outros "delitos contra os Estados Unidos que ele [Hunter] tenha cometido ou possa ter cometido ou participado durante o período de 1º de janeiro de 2014 a 1º de dezembro de 2024". O caso da compra ilegal da arma ocorreu em 2018. Já os problemas com impostos em 2016.

O jornal The New York Times observou que a concessão de perdão a crimes que Hunter "possa ter cometido" a partir de 2014 chama a atenção porque há suspeitas de que agentes estrangeiros o pagaram para influenciar o governo dos EUA. Em 2014 - quando seu pai era vice de Barack Obama -, Hunter passou a trabalhar para uma empresa de energia ucraniana chamada Burisma, num episódio que levou adversários republicanos a acusarem o filho de Biden de atuar como lobista.

Rivais usaram Hunter para atacar o pai

Em junho, Biden descartara categoricamente um perdão presidencial para seu filho, durante o processo no caso da arma, em Delaware. "Eu acato a decisão do júri. Farei isso e não irei perdoá-lo."

Num post na rede social Truth Social, Trump chamou o perdão de "um abuso e erro judicial". Ele sugeriu que alguns dos manifestantes acusados no âmbito da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, poderão ser perdoados quando ele assumir o cargo.

Biden sempre ficou ao lado de seu único filho vivo durante o sério problema de drogas de Hunter, que só se recuperou nos últimos anos.

Rivais políticos há muito tempo usam os problemas pessoais de Hunter com drogas para atacar o pai: legisladores chegaram a exibir fotos do filho do presidente seminu num hotel numa audiência parlamentar.

Os presidentes dos Estados Unidos têm autoridade para conceder o perdão presidencial a qualquer pessoa que desejarem. Outros presidentes também já usaram esse poder, no fim do mandato, a favor de amigos e aliados que enfrentavam problemas com a Justiça. Mas o perdão a um membro da família é mais raro e Biden é apenas o terceiro presidente da história dos EUA a conceder o indulto a um familiar.

Antes dele, Bill Clinton perdoou seu meio-irmão Roger Clinton por acusações de tráfico e posse de cocaína. Já Donald Trump perdoou o pai de seu genro, Charles Kushner, por evasão fiscal e outros crimes. No fim de semana, Trump divulgou que nomearia Kushner para ser o embaixador dos EUA na França. 

as/lf (AP, Reuters, AFP)