Biden diz que Putin cogita usar armas químicas na Ucrânia
22 de março de 2022O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou nesta segunda-feira (21/03) alegações de que a Rússia está considerando empregar armas químicas e biológicas na Ucrânia.
Biden afirmou que o Kremlin insiste em acusações de que a Ucrânia possui armas biológicas e químicas e que os Estados Unidos estariam estocando tais armas na Europa. Segundo o presidente americano, isso seria um "sinal claro" de que o próprio presidente russo, Vladimir Putin, está considerando o uso dessas armas.
Putin está "contra a parede", disse Biden, sugerindo que o pior ainda está por vir na Ucrânia. "Ele não estava esperando a extensão ou a força da nossa unidade [do Ocidente]. E quanto mais suas costas estiverem contra a parede, maior a severidade das táticas que ele pode empregar."
Comunicados difundidos pelo governo dos EUA e de outros países do Ocidente neste mês já haviam alertado para a possibilidade de Moscou empregar armas químicas e biológicas, após a Rússia acusar a Ucrânia de ter intenção de esconder um suposto programa de armas químicas respaldado pelos EUA.
"Agora que a Rússia fez essas falsas alegações [...] todos deveríamos olhar com atenção para a possibilidade de que a Rússia use armas químicas e biológicas na Ucrânia", advertiu no Twitter a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
Em meados de março, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou acusações apresentadas pela Rússia sobre o suposto desenvolvimento de armas químicas por parte da Ucrânia, com ajuda dos Estados Unidos.
Moscou acusou Washington de financiar pesquisas com armamentos químicos em solo ucraniano. O embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, acusou Kiev de manter uma rede de 30 laboratórios que desenvolvem "experimentos biológicos extremamente perigosos", com o objetivo de disseminar "patógenos virais", como cólera, antraz e outros, através de morcegos.
A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que a Rússia "fabrica alegações sobre armas químicas ou biológicas para justificar seus próprios ataques violentos ao povo ucraniano". "A intenção por trás dessas mentiras parece bem clara, e é profundamente perturbadora", afirmou.
Nesta segunda, Biden também reiterou que uma ação desse tipo desencadearia uma resposta "severa" dos aliados do Ocidente. Putin "sabe que haverá severas consequências por conta da frente unida da Otan", afirmou, sem especificar que medidas seriam adotadas pela aliança.
Além disso, Biden alertou sobre possíveis ataques cibernéticos russos a instalações americanas como retaliação às sanções econômicas contra Moscou. "Isso faz parte da cartilha da Rússia", afirmou.
Segundo o presidente americano, informações dos serviços de inteligência indicam que Moscou está planejando ataques contra infraestrutura crítica nos Estados Unidos. O presidente americano apelou para que as companhias americanas melhorem sua segurança cibernética, porque, segundo ele, empresas privadas também podem ser alvo de ataques.
Próximos passos de Putin
Biden viajará a Bruxelas para participar de uma reunião da Otan na quinta-feira, na qual aliados ocidentais deverão discutir como responderão se a Rússia empregar arma químicas, biológicas, cibernéticas ou até nucleares.
Em meio a dificuldades militares e sanções econômicas internacionais, aguardam-se com apreensão os próximos passos do presidente russo. A invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, vem sendo prejudicada por má comunicação e problemas logísticos, segundo autoridades ocidentais.
Enquanto isso, a Defesa americana observou um aumento da atividade naval russa no Mar Negro nos últimos dias, segundo o The New York Times. Moscou poderia estar preparando um novo ataque à importante cidade portuária de Odessa, mas as intenções russas ainda não estão claras, disseram autoridades citadas pelo jornal.
Putin chama a guerra, o maior ataque contra um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial, de "operação militar especial" para desarmar e "desnazificar" a Ucrânia, algo que o Ocidente classifica de um falso pretexto para a invasão.
lf (AFP, AP, Reuters, ARD)