Biden visita cidade polonesa a 70 quilômetros da Ucrânia
26 de março de 2022O presidente americano, Joe Biden, foi à Polônia nesta sexta-feira (25/03) e visitou a cidade de Rzeszow, a cerca de 70 quilômetros da fronteira ucraniana, para acompanhar como país está lidando com o grande fluxo de refugiados da guerra na Ucrânia.
Mais de 2 milhões de refugiados do conflito buscaram abrigo na Polônia, que concedeu a todos eles visto de permanência por até 180 dias, com acesso ao mercado de trabalho, sistema de saúde e benefícios sociais.
Biden disse que queria visitar a Polônia para destacar que a assistência prestada pelo país era de "enorme importância" diante da maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial
O presidente americano também encontrou-se com membros da 82ª Divisão Aérea do Exército dos Estados Unidos, que estão mobilizados ao lado de militares poloneses. No sábado, Biden viaja para Varsóvia, onde deverá fazer um discurso dirigido aos moradores da Polônia.
Biden: "É como algo de um filme de ficção científica"
Antes de sua visita, o líder americano disse que a viagem "reforçaria meu compromisso de fazer com que os Estados Unidos se certifiquem de que somos uma peça importante para lidar com a realocação de todas essas pessoas, bem como com a assistência humanitária necessária tanto dentro como fora da Ucrânia".
Ele falou que a devastação da Ucrânia "não está parando" e era "como algo saído de um filme de ficção científica".
Ao lado de Biden, o presidente polonês, Andrzej Duda, também referiu-se ao esforço do seu país para acolher os que buscam proteção da guerra na Ucrânia. "Não queremos chamá-los de refugiados. Eles são nossos convidados, nossos irmãos, nossos vizinhos da Ucrânia, que hoje se encontram em uma situação muito difícil", disse.
Guerra distensiona relação EUA-Polônia
A invasão russa da Ucrânia teve como efeito indireto uma melhora nas relações entre Washington e Varsóvia. A Polônia é um aliado complicado do Ocidente, cujos líderes populistas são acusados pela União Europeia de violar normas democráticas.
Duda, que pertence ao partido nacionalista de direita Lei e Justiça (PiS), foi um apoiador de Donald Trump e até propôs dar o nome do ex-presidente a uma nova base norte-americana. A ideia foi criticada e rapidamente abandonada.
O presidente polonês ficou em um pequeno grupo de líderes, incluindo o presidente russo Vladimir Putin, que esperou semanas antes de parabenizar Biden por sua vitória nas eleições de 2020, depois que Trump recusou-se a aceitar sua derrota.
Biden, por sua vez, criticou a Polônia ao lado de Belarus e Hungria, alertando sobre a "ascensão de regimes totalitários no mundo", o que causou ofensa em Varsóvia.
Os poloneses continuam a querer uma maior presença militar dos Estados Unidos no país como salvaguarda contra uma eventual agressão da Rússia. Muitos poloneses esperam um sinal de Biden de que Washington assumirá compromissos militares mais fortes e continuará exortando Varsóvia a aderir aos valores democráticos.
Otan faz planos de contingência
A caminho da Polônia, o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse que os países da Otan estavam realizando "planos de contingência para a possibilidade de a Rússia escolher atacar o território da Otan nesse contexto ou em qualquer outro contexto".
"E o presidente tem sido o mais claro possível sobre sua absoluta determinação de responder de forma decisiva, ao lado dos outros membros de nossa aliança, se a Rússia atacar a Otan", disse Sullivan.
A visita de Biden à Polônia ocorre após a participação do líder americano em cúpulas da Otan e do G7 em Bruxelas na quinta-feira.
bl (AFP, AP, Reuters)