Big Brother com a seleção alemã
16 de junho de 2005A presença de câmeras em lugares sagrados da seleção alemã, como o vestiário, o ônibus e o hotel, sempre foi um tabu. Até agora. Isto porque um homem que não tem nada a ver com futebol conseguiu se infiltrar de forma absolutamente legal neste restrito mundo.
Trata-se de um dos mais bem sucedidos diretores de cinema da atualidade, Sönke Wortmann. É dele o longa Milagre de Berna (Wunder von Bern), rodado há dois anos e que retrata o histórico jogo de 1954 que deu à Alemanha seu 1º título na Copa do Mundo.
Wortmann está concentrado em um novo projeto onde os craques são os atores principais. Sua intenção é fazer um filme sobre a trajetória da seleção desde a Copa das Confederações até o final do Mundial, em 2006. O diretor está gravando cenas reais do cotidiano dos atletas que serão posteriormente editadas para a montagem de um documentário, Milagre de Berlim.
Parte da equipe
Como as "estrelas" estão reagindo à presença de uma câmera em situações particulares? "Nossa vida é pública e temos que ter consciência disso", frisou o diretor técnico da seleção, Oliver Bierhoff, referindo-se ao projeto de Wortmann, adequado também ao conceito de marketing do técnico Jürgen Klinsmann.
A idéia do diretor não é nova. Um filme nestes moldes já foi rodado com a seleção francesa durante a Copa de 1998. Wortmann já acompanha o time há duas semanas. Ele ganhou até o uniforme oficial e se hospeda no mesmo hotel da delegação. "Tudo só fará sentido se eu estiver inserido no mundo deles. Meu desejo é que os jogadores até esqueçam que estou por perto", afirmou Wortmann.
Com uma câmera na mão
Na sua semana de estréia com o time, o diretor decidiu que não filmaria nada. Em Belfast, no amistoso contra a Irlanda do Norte, ele sentou pela primeira no banco de reservas da seleção alemã, ao lado dos jogadores e comissão técnica. Passados mais de quinze dias, ele já se considera parte integrante da delegação.
"No começo os jogadores estavam ansiosos. Alguns temiam que eu aparecesse com cinco câmeras", contou. Neste meio tempo, os craques já se acostumaram com a presença de Wortmann. Durante os treinos, ele fica bem perto filmando com uma mini-câmera.
Vitória para o final feliz
Esta é uma fase, digamos, experimental. A decisão sobre se projeto será ou não levado adiante, deve acontecer no terceiro ou quarto semestre deste ano. "Os jogadores terão a última palavra. Se eles disserem que não conseguem se concentrar para a Copa com a minha presença, eu vou embora".
Seu projeto realmente depende de muitos fatores para se tornar realidade. E talvez esteja aí o valor de seu trabalho. Afinal, Wortmann sabe que o êxito de seu filme depende também do sucesso da seleção em campo.
Se o time alemão for desclassificado na fase inicial da Copa, o filme perde o sentido "pois ninguém iria se interessar". Ser derrotado em uma semifinal poderia até valer a pena, especialmente se for nos pênaltis.
Mas para Wortmann, o máximo seria filmar a seleção se sagrar vitoriosa na Copa do Mundo, sob os aplausos da torcida no Estádio Olímpico de Berlim no dia 9 de julho de 2006. Aí seu filme teria um final feliz e faria jus ao título Milagre de Berlim.