Biotecnologia brasileira em Hanôver
9 de outubro de 2003Este ano, a Biotechnica está acontecendo de 7 a 9 de outubro e reúne em seus 13.700 m² cerca de 1100 expositores, em sua maioria pequenas e médias empresas, que discutem as novas tendências da área dentro de um programa vasto que inclui conferências, workshops, simpósios e apresentações referentes a países específicos.
A participação brasileira
Uma empresa brasileira é parte essencial deste fórum: o CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia. Vem mostrar alguns produtos brasileiros, mas também representar no exterior o desenvolvimento do Brasil na área de biotecnologia. Pretende e tem grande potencial para ser um ícone relacionado à biodiversidade e biotecnologia da Amazônia no futuro. Como parte deste processo, a Suframa prevê a realização, de 15 a 18 de setembro de 2004, da II Feira Internacional da Amazônia, que pretende divulgar a região e seus produtos, bem como atrair investimentos e parcerias.
DW-WORLD entrevista CBA
O CBA, desenvolvido pelos ministérios do Desenvolvimento, da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, tem por meta abastecer a região com tecnologias que possam fornecer valor agregado às matérias-primas encontradas na Amazônia. Para tanto, conta com o apoio e os recursos da Suframa, autarquia ligada ao Ministério do Desenvolvimento.
Em entrevista à DW-WORLD, Imar César de Araújo, coordenador do centro e diretor do Departamento de Promoção de Investimentos da Suframa, explicou que de outra forma, em estado bruto, estas matérias-primas seriam exportadas a quantias ínfimas e depois revendidas a preços altos. As pesquisas do centro para a produção de extratos, óleos essenciais, fármacos e fitoterápicos, cosméticos, enzimas de interesse biológico, entre outros, visam não apenas tornar o Brasil exportador de produtos finais de alto valor agregado derivados das matérias-primas encontradas na Amazônia, mas também a conservação do meio ambiente.
Biopirataria
Outro objetivo primário do CBA, esclareceu Araújo, é a preservação da Amazônia através de conhecimento. A biopirataria na região amazônica, apesar de normalmente não envolver grandes organizações, "ainda é bem-sucedida porque não conhecemos o que possuímos. As patentes e registros de marcas nos garantem direitos reconhecidos no mundo todo. Se temos como provar que tal produto é de origem amazônica, podemos reivindicar a patente do produto pirateado, como demonstra o ato público movido recentemente por organizações da Amazônia e do Acre contra o registro do nome da fruta cupuaçu como marca comercial da empresa japonesa Asahi Foods".
Os participantes da Biotechnica, assim como a grande maioria das empresas de biotecnologia, são pequenas empresas: o principal capital necessário é o intelectual. A capacidade de se fechar parcerias estratégicas, a flexibilidade, a inovação contínua, a rapidez no lançamento de produtos e o cuidado com questões legais que assegurem a propriedade das descobertas constituem por sua vez fatores essenciais à competitividade de mercado. O Centro de Biotecnologia da Amazônia segue este mesmo padrão.
A feira de biotecnologia de Hanôver, ao expor as últimas tendências e técnicas do mercado, mostra que conhecimento move o mundo e pode proteger a biodiversidade. A Suframa e o CBA são bons exemplos: fomentando a bioindústria brasileira e protegendo a Amazônia, prestam serviço à comunidade local e nos dão a esperança de que os bioespertalhões não podem vencer sempre.