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Bloqueios em rodovias entram no terceiro dia com menos força

2 de novembro de 2022

Pronunciamento de Bolsonaro não põe fim às interdições ilegais nas estradas, mas movimento perde força. PRF informa que número de pontos de bloqueio caiu para 156 em 15 estados.

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Rodovia Castelo Branco bloqueada por bolsonaristas
Bloqueio na rodovia Castelo Branco: segundo a PRF, o estado de São Paulo ainda registra três interdiçõesFoto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

Os bloqueios ilegais em rodovias do país – montados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) para contestar o resultado das eleições, que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – entraram nesta quarta-feira (02/11) em seu terceiro dia, mas com menor força.

Segundo o último balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o país registra 150 pontos de bloqueio e interdição em estradas de 15 estados. No início da manhã, eram 167 pontos em 17 estados.

As interrupções e bloqueios ainda atingem rodovias do Acre, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Os estados com mais bloqueios são Santa Catarina, com 36, Mato Grosso, com 30, e Pará, com 17, informou a PRF no boletim divulgado no final da manhã (horário de Brasília).

A corporação disse ainda que, desde segunda-feira, 631 manifestações foram desfeitas em estradas do país. Ao todo, a PRF realizou ao menos 1.992 autuações referentes à obstrução das rodovias federais.

Também nesta quarta-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que 912 multas já foram aplicadas contra manifestantes que bloqueiam as rodovias, somando um valor de mais de R$ 5,5 milhões. Os valores das multas variam de R$ 5 mil a R$ 17 mil, conforme o tipo de infração.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, é penalizado com infração gravíssima o condutor que utiliza veículos para, deliberadamente, interromper, restringir ou perturbar a circulação na via sem autorização de entidade de trânsito. A multa mais cara, de R$ 17 mil, é aplicada a quem for identificado como organizador dos bloqueios.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, mencionou o bloqueio nas rodovias em mensagem no Twitter nesta quarta-feira, afirmando que a PRF continua com sua ação para desinterditar as vias. Ele ainda disse reiterar "o pedido do presidente Jair Bolsonaro para que as manifestações não impeçam o direito de ir e vir de todos".

Torres se referia ao curto pronunciamento de Bolsonaro na terça-feira no Palácio da Alvorada, depois de ter evitado se manifestar sobre sua derrota por quase 48 horas.

Em uma fala de pouco mais de dois minutos repleta de ambiguidades, o presidente desautorizou os métodos usados nos bloqueios em rodovias, mas disse que "manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas", deixando uma brecha para novos protestos.

"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", disse.

Bloqueios de cunho golpista

Após a derrota de Bolsonaro na eleição presidencial, bolsonaristas passaram a bloquear estradas em vários estados para contestar o resultado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o auge dos protestos de cunho golpista ocorreu na segunda-feira, quando foram registrados 421 pontos de interdição em quase todos os estados do país e no Distrito Federal.

Com a PRF sendo acusada de inação em relação aos bloqueios, as estradas começaram a ser liberadas depois da intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes determinou que as polícias militares dos estados "possuem plenas atribuições constitucionais e legais" para atuar na desobstrução "ilegal" de rodovias bloqueadas, inclusive as federais, bem como identificar, multar e prender os responsáveis pelos bloqueios.

Após a decisão, governadores e as polícias militares estaduais passaram a agir na liberação das vias. Em alguns casos, houve confrontos entre agentes e manifestantes. No Rio Grande do Sul, a PM chegou a usar bomba de gás lacrimogêneo para dispersar o movimento, e no Rio Grande do Norte, policiais usaram spray de pimenta.

Logo após o início dos protestos na segunda-feira, líderes da greve dos caminhoneiros de 2018 e entidades da categoria se distanciaram da ação e pediram o fim dos bloqueios.

Em nota, o deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), que representa os caminhoneiros no Congresso, afirmou não existir uma manifestação organizada e ressaltou que a categoria reconhece a vitória de Lula.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti, classificou a manifestação de antidemocrática e destacou que os atuais bloqueios não defendem os interesses da categoria.

Outros setores também se manifestaram. Em nota na terça, associações que representam policiais rodoviários federais disseram que o longo silêncio de Bolsonaro após a derrota contribuiu para estimular seus apoiadores a bloquearem estradas.

ek/lf (Agência Brasil, ots)