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Bolsa de valores no Brasil abre em queda por causa do Brexit

Tamara Menezes24 de junho de 2016

Saída do Reino Unido da União Europeia causa instabilidade, mas não deve afetar perspectiva e recuperação da economia brasileira, avalia analista financeiro.

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Bovespa
Foto: AFP/Getty Images/N. Almeida

A bolsa de valores brasileira abriu em queda nesta sexta-feira (24/06), numa reação à decisão dos britânicos de deixar a União Europeia (UE). Às 11h40, o recuo era de 3,11%, com o índice da Bovespa recuando para 49.955 pontos.

O Brasil, porém, não sofreu tanto quanto outros mercados com o movimento de investidores internacionais para fugir da instabilidade, e os preços das commodities, responsáveis pela maior parte das exportações brasileiras, não despencaram.

O recuo em menor escala, na comparação com mercados globais, foi acompanhado do fortalecimento do real perante a libra, que alcançou seu nível mais baixo em relação ao dólar em mais de 30 anos e se desvalorizou 8% em relação à moeda brasileira.

"Isso denota confiança em relação à perspectiva da economia brasileira", salientou o economista William Castro Alves, analista de investimentos da Valor Gestora de Recursos.

Alves avaliou que o pessimismo deve durar pelo menos seis meses, mas não deve reverter a tendência de melhora no cenário brasileiro. "As dúvidas duram até que haja diálogo e novos acordos comerciais sejam estabelecidos. Londres não vai deixar de ser uma capital financeira. No fim, money talks", afirmou.

"Estamos vendo um movimento típico de aversão ao risco, em que o investidor retira dinheiro dos mercados em que há incerteza, e as principais vítimas são mercados emergentes. Nesse caso, porém, quem está sofrendo mais são os bancos europeus", disse.

No Brasil, a oscilação não foi tão forte como nas bolsas europeias. Em Madri e Milão, os índices bateram nos 10% de recuo. Em Frankfurt, o DAX, principal índice alemão, chegou a cair 10% na manhã desta sexta.

Enquanto isso, a bolsa de valores da China, principal parceiro comercial brasileiro, fechou esta noite com 1,4% de queda. "O Brasil não tem tanto comércio externo com o Reino Unido. Até mesmo com a União Europeia, a relação não é das mais fortes. A pergunta é o que vai acontecer com os países que ficam na UE, e como essa mudança vai afetar os Estados Unidos", analisou o economista.

Espanha e Escócia estariam, segundo ele, entre os países que podem copiar a iniciativa britânica, colocando em risco a estabilidade europeia.

O pregão brasileiro havia fechado com alta de 2,8% no dia anterior, em 51.560 pontos, diante do otimismo dos investidores, que apostavam que os britânicos não optariam pela saída da União Europeia.