Bolsonaro decreta luto; Lula relembra encontros com rainha
9 de setembro de 2022Políticos brasileiros lamentaram a morte da rainha britânica Elizabeth 2ª nesta quinta-feira (08/09). Após o anúncio, o presidente Jair Bolsonaro decretou luto oficial de três dias no Brasil.
Um dos últimos atos oficiais de Elizabeth antes de sua morte foi o envio de uma mensagem de felicitações ao povo brasileiro pelos 200 anos de Independência do país.
Elizabeth 2ª visitou o Brasil apenas uma vez, em 1968, quando permaneceu por pouco mais de uma semana. Ao lado do falecido príncipe Philip, Elizabeth passou por Recife, Salvador, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Sua agenda incluiu acompanhar um jogo de futebol num lotado estádio do Maracanã, no Rio. Na ocasião, Elizabeth entregou uma taca ao jogador Pelé. Em São Paulo, ela presidiu a cerimônia de inauguração da sede do Museu de Artes de São Paulo (Masp) na Avenida Paulista. Na capital de São Paulo, o casal também visitou o monumento do Ipiranga e, em Brasília, foi recepcionado pelo então presidente Costa e Silva, o segundo general que comandou a ditadura militar.
Na sua mensagem pelo bicentenário da Independência, entregue ao presidente Bolsonaro, Elizabeth relembrou sua viagem de 1968.
"Em meio à celebração da importante ocasião dos 200 anos de independência, gostaria de parabenizar Vossa Excelência e enviar minhas felicitações ao povo da República Federativa do Brasil, lembrando com carinho da minha visita ao país em 1968. Que continuemos trabalhando com esperança e determinação para superar os desafios globais juntos", escreveu a rainha, em mensagem divulgada ontem pela embaixadora interina do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins.
Nesta quinta, após decretar luto oficial, Bolsonaro publicou uma série de mensagens no Twitter sobre a monarca.
"É com grande pesar e comoção que o Brasil recebe a notícia do falecimento de Sua Majestade a Rainha Elizabeth 2ª, uma mulher extraordinária e singular, cujo exemplo de liderança, de humildade e de amor à pátria seguirá inspirando a nós e ao mundo inteiro até o fim dos tempos", escreveu o presidente.
"Muitas vezes, a eternidade nos surpreende, tirando de nós aqueles que amamos, mas, hoje, foi a vez da eternidade ser surpreendida, com a gloriosa chegada de Sua Alteza a Rainha do Reino Unido. Que Deus a receba em sua infinita bondade e conforte sua família e o povo britânico", continuou Bolsonaro.
Ex-presidentes brasileiros relembram encontros com a rainha
Bolsonaro nunca chegou a se reunir com a rainha Elizabeth. Ao longo dos 70 anos de reinado de Elizabeth, o Brasil teve 23 diferentes governos. A rainha se reuniu com seis presidentes brasileiros: Costa e Silva, Ernesto Geisel, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
Bolsonaro, Fernando Collor e Michel Temer apenas se reuniram com o então príncipe Charles, agora o novo rei Charles 3°.
O ex-presidente Lula, favorito nas pesquisas para vencer a eleição presidencial de outubro, escreveu no Twitter que a "rainha Elizabeth 2° testemunhou e participou dos grandes eventos e processos históricos dos últimos 80 anos". "Marcou era como Chefe de Estado, reinando em convivência com primeiros-ministros de diferentes linhas ideológicas", escreveu Lula, que também publicou fotos em que apareceu ao lado da rainha, durante encontros em 2006 e 2009.
"Em nosso governo, o Reino Unido e o Brasil tiveram excelentes relações diplomáticas, políticas e comerciais, marcadas pela visita de Estado em que ela nos recebeu, em 2006. Gravo na memória nosso encontro na reunião do G-20 em Londres, em 2009. Minhas condolências à família e a todos que admiravam a Rainha Elizabeth 2ª no Reino Unido e ao redor do mundo", escreveu Lula.
A ex-presidente Dilma Rousseff também lamentou a morte da monarca e publicou uma foto de um encontro que teve com Elizabeth em 2012, em Londres. "Meus sentimentos à família real e ao povo britânico pela perda da Rainha Elizabeth 2ª. Com ela como chefe de estado, o Brasil e o Reino Unido sempre tiveram boas relações. Estive com a Rainha quando presidi o Brasil e guardei do nosso encontro ótima impressão", escreveu Dilma no Twitter.
"Elizabeth 2° teve papel relevante na história britânica e do mundo. Ao longo de oito décadas de reinado, presenciou e viveu alguns dos momentos mais importantes da história e deixa na memória de todos um exemplo de correção, sobriedade e dignidade", finalizou Dilma.
O ex-presidente José Sarney também relembrou seus encontros com Elizabeth. “Estive com ela duas vezes, que foi durante as comemorações dos 200 anos da Revolução Francesa e, agora, ela deixa uma saudade imensa para o povo britânico e, também, para todo mundo que tinha, na rainha da Inglaterra, uma mulher que era uma estadista e que estava pronta para defender a humanidade da guerra e desejando construir a paz", declarou o ex-presidente da república.
Michel Temer, que assim como Bolsonaro nunca se reuniu com a rainha, expressou admiração pela rainha e aproveitou para saudar o novo rei Charles 3°. "Elegância, moderação, equilíbrio e autoridade, essa era a Rainha Elizabeth. O Reino Unido teve uma Monarca leal ao seu povo, leal ao seu tempo. E agora, que Deus salve o Rei!"
Repercussão no meio político brasileiro
Terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT), afirmou pelo Twitter que "com a morte da Rainha Elizabeth 2ª se fecha um ciclo da monarquia britânica e se abrem as portas da história para uma mulher que foi um símbolo de superação, sacrifício pessoal e devotamento à causa de uma nação". "Que ela descanse, merecidamente, em paz", finalizou Ciro.
Quarta colocada na disputa, a senadora Simone Tebet (MDB) escreveu: "A rainha Elizabeth 2ª é exemplo de liderança feminina que, ao longo de décadas, serviu como ponto de equilíbrio de uma nação poderosa como o Reino Unido. Modelo de estabilidade, de convivência respeitosa entre instituições de Estado", escreveu em suas redes sociais.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elogiou Elizabeth como "um exemplo de estatista".
"Aos 96 anos, e mais de 70 anos de reinado, Elizabeth 2ª vivenciou alguns dos momentos mais importantes da história da humanidade. Cumpriu seu papel constitucional com louvor e foi um exemplo de estadista. Em nome do Congresso Nacional brasileiro, presto condolências à família e a todo o povo do Reino Unido", disse Pacheco, em nota.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por sua vez, mencionou as relações entre o Brasil e o Reino Unido em sua mensagem de condolências.
"Ao transmitir nossas condolências ao povo britânico e à sua família real, relembro as históricas ligações entre o Brasil e o Reino Unido, que datam desde os primeiros anos de nossa vida como Nação independente e que se fortaleceram enquanto a Rainha Elizabeth reinou", escreveu no Twitter.
jps (ots)