Bolsonaro pede que população não vá a protestos do dia 15
13 de março de 2020Em um breve pronunciamento em rede nacional, o presidente Jair Bolsonaro desaconselhou nesta quinta-feira (12/02) a realização dos protestos de 15 de março, convocados por grupos favoráveis a seu governo. A declaração foi feita após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no seu gabinete.
"Nossa saúde e de nossos familiares devem ser preservadas. O momento é de união, serenidade e bom senso", afirmou Bolsonaro, no pronunciamento de pouco menos de dois minutos. "Queremos um povo atuante e zeloso com a coisa pública, mas jamais podemos colocar em risco a saúde da nossa gente".
Apesar de recomendar o cancelamento dos atos, Bolsonaro defendeu as manifestações contra o Congresso e disse que os movimentos "espontâneos e legítimos" atendiam "os interesses da nação". "Balizados pela lei e pela ordem, demonstram o amadurecimento da nossa democracia presidencialista e são expressões evidentes da nossa liberdade. Precisam, no entanto, diante dos fatos recentes, ser repensados".
Bolsonaro reconheceu ainda que o número de infectados no país pode aumentar nos próximos dias, porém, disse que isso não é motivo para pânico. "O governo está atento para manter a evolução do quadro sob controle", acrescentou.
O presidente já havia pedido que a população evitasse ir aos protestos em sua transmissão ao vivo semanal no Facebook, feita uma hora antes do pronunciamento. Usando uma máscara, Bolsonaro disse que era o momento de evitar a explosão dos casos e afirmou que "um tremendo recado" já havia sido dado ao Congresso.
"O que devemos fazer agora é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão a atender tanta gente. Se o governo não tomar nenhuma providência, sobe e depois de um certo limite o sistema não suporta", disse Bolsonaro.
Ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro afirmou que aguardava o resultado do teste de coronavírus e que esperava que fosse negativo. O secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten, que viajou com presidente para os Estados Unidos contraiu a doença covid-19.
Os atos foram convocados por defensores do governo em apoio aos militares e contra o Congresso, após declarações do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que em fevereiro fez graves críticas aos parlamentares.
Após o recuo do presidente e do aumento do número de casos de coronavírus no país, os organizadores decidiram cancelar as manifestações.
As declarações de Bolsonaro foram dadas após o presidente ter minimizado a doença ainda no início desta semana. "Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga", disse. O presidente também afirmou que "o poder destruidor do coronavírus" estava sendo "superdimensionado".
O Brasil já conta mais de 70 casos confirmados de coronavírus. Em todo o mundo, já são mais de 124 mil infecções em 120 países e territórios. A pandemia deixou mais de 4.500 mortos.
CN/ots
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