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Brasil anuncia perdão de dívidas de 12 países africanos

Mariana Santos25 de maio de 2013

Na comemoração dos 50 anos da União Africana, Dilma Rousseff anuncia na Etiópia que cancelamento de débitos chegará a 900 milhões de dólares. Anúncio procura aprofundar relações econômicas entre Brasil e a África.

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Dilma Rousseff in Afrika (50 Jahre der Afrikanischen Union), Mai 2013; Copyright: Agência Brasil***via Carlos Albuquerque
Dilma Rousseff in AfrikaFoto: Agência Brasil

O governo brasileiro anunciou neste domingo (25/05) que pretende perdoar 900 milhões de dólares de dívidas de 12 países africanos junto ao Brasil, como parte da estratégia para intensificar as relações econômicas com o continente. O anúncio foi feito durante a participação da presidente Dilma Rousseff no evento de comemoração pelos 50 anos da União Africana (UA), na Etiópia.

"Manter relações especiais com a África é estratégico para a política externa brasileira", disse o porta-voz da presidente, Thomas Traumann, à imprensa. Dos 12 países que terão a dívida anulada, os principais beneficiados são a República do Congo, com um débito cancelado de 352 milhões de dólares, e a Tanzânia, com 237 milhões de dólares.

A proposta da renegociação das dívidas do Gabão, São Tomé e Príncipe, Senegal e Sudão havia sido aprovada há poucos dias pelo Senado Federal. Em mensagem enviada aos senadores, o Ministério da Fazenda justificou o pedido assinalando que "a iniciativa alinha-se à prioridade que as relações com a África assumem na política externa brasileira voltada para a promoção da estabilidade econômica e social daquele continente".

Acordos de cooperação

Na sexta-feira, quando desembarcou na capital etíope, Adis Abeba, Dilma se reuniu com o primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn. Os dois líderes assinaram quatro acordos de cooperação nas áreas de agricultura, educação, serviços aéreos, ciência e tecnologia.

Segundo Dilma, o Brasil quer estabelecer não apenas relações comerciais, mas também uma cooperação "no padrão Sul-Sul". “Uma cooperação que não seja opressiva, que seja baseada em vantagens mútuas e valores compartilhados”, disse a presidente.

Dilma Rousseff Afrikanische Union Feier
Dilma Rousseff cumprimenta presidente egípcio, Mohammed Morsi, na EtiópiaFoto: Getty Images/AFP/Simon Maina

O intercâmbio comercial entre Brasil e África quintuplicou nos últimos dez anos, evoluindo de US$ 5 bilhões, em 2002, para US$ 26,5 bilhões, em 2012.

Convidado de honra

As comemorações do cinquentenário da UA, que vão se prolongar por um ano, foram iniciadas em abril pela presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, e pelo ministro etíope do Exterior, Teodros Adhanom.

O Brasil foi convidado de honra no evento – o que, para a presidente, "reflete o reconhecimento da importância que o Brasil atribui à África". Dilma Rousseff foi a única líder latino-americana presente no evento na Etiópia.

Além dos chefes de Estado e governo dos países africanos que integram a União, também participaram das comemorações o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang, os presidentes do Irã, Mahmud Ahmadinejad, e da França, François Hollande, além do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

A Organização da Unidade Africana (OUA) foi fundada no dia 25 de maio de 1963, em Adis Abeba, por 32 países africanos. Na época, o principal objetivo da instituição era superar o colonialismo no continente. Apesar de vários países já terem conquistado a independência naquela época, outros como a Angola ainda viviam sob domínio estrangeiro. Os negros da África do Sul ainda lutavam para acabar com o regime da minoria branca.

Afrikanische Union feiert 50. Jubiläum
Presidente da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, discursa durante Jubileu de Ouro da entidadeFoto: picture-alliance/dpa

Em 2002, diante do fim do colonialismo e do apartheid, e da necessidade de pautar novos debates internos, a organização foi substituída pela União Africana – que atualmente conta com 54 membros. Especialistas avaliam que, apesar de a África de hoje ser mais democrática do que há dez anos, quando havia menos governos eleitos, ainda é necessário democratizar as lideranças e a liberdade de opinião, que continuam sendo a causa da maioria dos problemas no continente.