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Brasil decide comprar caças suecos

19 de dezembro de 2013

Depois de mais de uma década de negociações, governo opta pela sueca Saab para renovar a frota de caças da FAB. Contrato é de 4,5 bilhões de dólares. Franceses da Dassault e americanos da Boeing ficam de fora.

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Saab 39 Gripen F
Foto: Fabrice Coffrinia/AFP/Getty Images

O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira (18/12) a escolha da aeronave Gripen NG, da fabricante sueca Saab, para a modernização da frota da Força Área Brasileira (FAB), com a aquisição de 36 caças militares, encerrando um processo que durou mais de dez anos.

O negócio foi fechado por 4,5 bilhões de dólares e os detalhes do contrato, que envolve transferência de tecnologia para o Brasil, ainda serão negociados nos próximos dez meses. O modelo sueco substituirá os atuais Mirage 2000, que serão aposentados este mês. Se a negociação ocorrer dentro do prazo previsto, o contrato deve ser assinado em dezembro de 2014, e a FAB receberá o primeiro caça sueco no final de 2018. Com a desativação dos Mirage 2000, a FAB irá usar os caças F5M até a chegada dos aviões Gripen.

A decisão em favor dos suecos, tomada pela presidente Dilma Rousseff, foi anunciada pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, durante a cerimônia de fim de ano das Forças Armadas. "Quando terminar o desenvolvimento [das aeronaves], teremos a propriedade intelectual desse avião, acesso a tudo", afirmou o ministro, em Brasília.

O desenvolvimento do novo modelo – hoje existe apenas um protótipo do Gripen NG – será feito em conjunto com a FAB e a fabricante brasileira de aviões Embraer e deverá contar ainda com a ajuda de outras indústrias brasileiras, segundo informações da FAB.

O programa para aquisição das aeronaves foi lançado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001, e relançado por seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, poucos anos mais tarde.

Para a aquisição dos caças, o governo abriu um leilão que contou com a participação da francesa Dassault, com o modelo Rafale, da norte-americana Boeing, com o modelo F-18, e da vencedora sueca Saab, com o Gripen.

Em troca, o governo pedia que as concorrentes apresentassem propostas incluindo transferência de tecnologia, o que pesou na escolha final, além do próprio preço. A escolha gerou surpresa, uma vez que ao longo do processo, em 2009, os franceses chegaram a ser anunciados como os escolhidos durante uma visita de Lula à França.

Durante o governo Dilma, o modelo de fabricação norte-americana passou a ser o preferido, mas o escândalo sobre a espionagem dos EUA ao Brasil pode ter afetado a escolha final. “O problema com a NSA estragou tudo para os americanos”, afirmou uma pessoa ligada ao governo brasileiro à agência de notícias Reuters. Desde o início, no entanto, o parecer técnico da FAB indicava preferência pelo modelo sueco.

O presidente da França, François Hollande, visitou o Brasil na semana passada para fazer lobby em favor do Rafale. Já a Boeing abriu um grande escritório no Brasil e nomeou a ex-embaixadora Donna Hrinak para ser sua principal executiva no país.

AS/lusa/abr/rtr