Encontro em Blumenau
18 de novembro de 2007"Inovação e cooperação tecnológica" é o tema do 25º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que reúne cerca de 1.400 empresários e políticos dos dois países até terça-feira (20/11) em Blumenau, um dos principais centros da colonização alemã no Brasil.
O encontro, que já virou rotina nas relações bilaterais, acontece num momento em que os europeus, depois de anos fixados na China, redescobrem o Brasil como destino para seus investimentos.
De acordo com o Departamento de Estatísticas da União Européia, no ano passado, empresas da UE investiram 5,3 bilhões de euros na maior economia da América do Sul – bem mais do que na Rússia (€ 4,3 bilhões), na China (€ 3,7 bilhões) ou na Índia (€1,6 bilhões).
A Espanha foi líder de investimentos europeus no Brasil em 2006, mas a Alemanha mantém uma presença forte há décadas. Segundo dados da embaixada alemã em Brasília, as 1.200 empresas com capital alemão instaladas no país representam investimentos diretos de mais de 20 bilhões de dólares.
Novo recorde
A Federação das Indústrias Alemãs (BDI), que levou 250 empresários a Blumenau, avalia positivamente o atual quadro econômico brasileiro e prevê que o país deverá bater este ano um novo recorde de investimentos estrangeiros diretos – algo em torno de 34 bilhões de dólares.
Boa parte desse dinheiro vem de empresas alemãs. A ThyssenKrupp, por exemplo, está investindo cerca de 3 bilhões de euros na construção de uma nova siderúrgica em Sepetiba, no Rio de Janeiro. É o maior investimento da companhia no exterior.
A montadora Volkswagen acaba de anunciar investimentos da ordem de R$ 3,2 bilhões no país para os próximos cinco anos. A companhia de navegação e logística Hamburg Süd, que opera em 12 portos brasileiros, planeja investir 1,5 bilhão de dólares nos próximos três a quatro anos no Brasil.
Junto com o ex-cônsul de Blumenau e presidente do conselho de administração da Hering, Hans Prayon, o presidente da Hamburg Süd, Klaus Meves, foi distinguido neste domingo com o prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2007.
Comércio bilateral
O Brasil é o principal parceiro comercial da Alemanha na América Latina. Em 2006, o comércio bilateral atingiu o volume de 12,2 bilhões de dólares (US$ 5,7 bilhões de exportações brasileiras e US$ 6,5 bilhões de importações alemãs). O Brasil exporta principalmente café, minérios e soja, e importa automóveis, tratores, equipamentos têxteis e produtos químicos dos alemães.
A Alemanha é o quinto maior parceiro comercial do Brasil, atrás dos EUA, da Argentina, da China e da Holanda. De janeiro a outubro de 2007, as exportações brasileiras para o mercado alemão foram de US$ 5,8 bilhões – um aumento de 24,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mais tecnologia e inovação
Em Blumenau, os representantes dos dois países discutem oportunidades de negócios bilaterais que se abrem com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de inovação tecnológica, logística e infra-estrutura, biocombustíveis, indústria automobilística, eficiência energética e tecnologia da informação (TI).
Na área de TI, a T-Systems, do grupo Deutsche Telekom, acaba de abrir uma subsidiária em Blumenau. E a SAP, líder mundial em software empresarial, está instalando em São Leopoldo (RS) seu centro de pesquisa e desenvolvimento para a América Latina.
"Só com inovação é possível avançar", diz o ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que abre o encontro junto com o ministro alemão da Economia, Michael Glos.
Segundo Jorge, cerca de 1.500 indústrias no Brasil têm seus próprios departamentos de pesquisa. "Temos muito a aprender com as empresas alemãs, porque ocupam lugares de ponta na geração de conhecimento aplicado a atividades produtivas de alto padrão tecnológico. Não por outra razão, as empresas alemãs ainda superam americanas e chinesas em exportações", disse recentemente.
Na opinião do embaixador alemão em Brasília, Prot von Kunow, em Blumenau, "empresas alemãs, especialmente de pequeno e médio portes, têm a oportunidade de descobrir as boas condições de investimento em uma região do Brasil não tão conhecida como as grandes metrópoles".