Brasil e China: acordos de US$ 53 bi e ajuda à Petrobras
19 de maio de 2015A presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assinaram nesta terça-feira (19/05), em Brasília, 35 acordos que possibilitarão investimentos chineses de mais de 53 bilhões de dólares em diversas áreas da economia brasileira.
Ficou acertada ainda a criação de um fundo de 50 bilhões de dólares para financiar projetos bilaterais de infraestrutura. O fundo será uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC).
A Petrobras está entre as empresas beneficiadas pelos investimentos chineses no Brasil. Envolvida em escândalos de corrupção que causaram prejuízos bilionários no ano passado, a petrolífera deve receber um crédito de 10 bilhões de dólares, como parte de um acordo entre o Banco de Desenvolvimento da China, o Banco de Indústria e Comércio da China e o China Eximbank.
"Além de refletir a confiança internacional que nossa empresa de petróleo possui, [esse recurso] em muito contribuirá para o fortalecimento das atividades do Pré-Sal, onde já contamos com expressiva presença de empresas chinesas", afirmou Dilma após encontro com Li Keqiang no Palácio do Planalto.
Os dois líderes também autorizaram os estudos de viabilidade para construção da Ferrovia Transoceânica, que ligará o Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro, ao Porto de Ilo, na costa do Peru. O novo trajeto facilitará a exportação de produtos brasileiros pelo Oceano Pacífico, especialmente para a China. Segundo Dilma, a obra significará a abertura de "um novo caminho à Ásia", reduzindo distâncias e custos.
Ainda nesta terça-feira, a companhia aérea chinesa Tiajin Airlines concretizou a compra de 22 aeronaves E195 e E190-E2, fabricadas pela Embraer, um negócio de 1,1 bilhão de dólares. O primeiro avião E195 deve ser entregue ainda este ano. Os chineses têm ainda uma opção de compra de mais 18 aeronaves.
O Banco de Comunicações da China (BoCom), de propriedade do Estado e quinto maior do país, adquiriu o controle do banco brasileiro BBM. O BoCom será o primeiro banco chinês a controlar uma instituição financeira no Brasil, com 80% do capital do BBM. O banco tem ativos de 3 bilhões de reais, sede no Rio de Janeiro e atua principalmente nos segmentos de crédito e finanças privadas. O acordo ainda depende da autorização dos órgãos reguladores dos dois países.
Também ficou acertada a retomada das exportações de carne brasileira para a China, interrompidas desde julho de 2012. Durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, em julho do ano passado, o fim do embargo chinês à carne brasileira foi anunciado, mas faltava a assinatura de um protocolo sanitário.
Segundo Dilma, a China agora habilita os primeiros oito estabelecimentos brasileiros. "Reiterei interesse em tornar efetivo o processo de habilitação de novos estabelecimentos produtores de carne bovina, suína e de aves", disse a presidente.
A lista dos acordos inclui ainda a compra de 24 navios de minério de ferro da Vale, a construção de um satélite de sensoriamento remoto, a construção de um polo siderúrgico no Maranhão e até cooperação esportiva em modalidades como tênis de mesa e peteca.
Durante encontro, Dilma e Li destacaram que os dois países querem aproximar as relações econômicas no atual cenário de desaceleração da economia internacional. Em sua primeira visita oficial a Brasília, o premiê chinês destacou ainda que China e Brasil, como emergentes entre as maiores economias do mundo, devem explorar caminhos mútuos de comércio a longo prazo.
Li ressaltou a amizade "tradicional e profunda" de Pequim com a América Latina, e disse que seu país pretende estreitar relações "em todos os níveis" no continente. Ele ofereceu cooperação chinesa para iniciar um grande processo de industrialização na região.
"A recuperação econômica do mundo tem muito a ver com o processo de aumento da capacidade produtiva",disse Li, ressaltando que, para participar deste processo é necessário "acelerar o a cooperação para a industrialização da América Latina".
Nos próximos dois dias, o premiê chinês cumpre agenda no Rio de janeiro. De lá, ele segue o giro pela América do Sul, passando por Colômbia, Peru e Chile.
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Correção: 20/05/2015
Diferentemente do informado na versão inicial desta reportagem, a Ferrovia Transoceânica ligará o Porto do Açu (Rio de Janeiro), e não o Porto de Santos, à costa do Peru. O texto foi corrigido.
MSB/dpa/efe/rtr/abr