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Brasil não voltará a crescer antes de 2018, prevê FMI

19 de janeiro de 2016

Fundo espera recessão mais aguda em 2016 e estagnação no ano seguinte. Segundo a instituição, crise causada por incerteza política e repercussões da investigação na Petrobras está sendo mais profunda do que se esperava.

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Foto: picture-alliance/dpa/J. Alves

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a ampliar nesta terça-feira (19/01) a projeção de retração econômica para o Brasil em 2016 e disse não esperar mais a retomada do crescimento em 2017 – o que deve afetar toda a economia mundial, acredita.

Segundo atualização do relatório Perspectiva Econômica Global, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá retração de 3,5% em 2016, uma projeção significativamente mais pessimista do que a de queda de 1% divulgada em outubro passado. A recuperação do país, portanto, não acontecerá antes de 2018.

Isso, ressalta o relatório, depois de o país já ter encolhido 3,8% em 2015, em estimativa também revisada para baixo em relação à queda de 3% prevista antes. Já em 2017, o fundo aponta que a economia brasileira ficará estagnada – a previsão anterior era de expansão de 2,3%.

A recessão causada pela incerteza política e contínuas repercussões da investigação na Petrobras, diz o relatório, está sendo "mais profunda e prolongada" do que se esperava. "Em termos de composição por país, as revisões se devem em grande parte ao Brasil", completa o estudo.

O desempenho da economia brasileira está, portanto, abaixo da região América Latina e Caribe como um todo, cujas expectativas são de recuo de 0,3% do PIB em 2016 e crescimento de 1,6% no ano seguinte.

Dos 16 países mostrados na tabela incluída no relatório, o Brasil é o que tem o pior desempenho projetado para 2016. A economia brasileira pesou sobre as estimativas para o crescimento global, que foram reduzidas em 0,2 ponto percentual tanto para 2016 quanto para 2017 – respectivamente para expansão de 3,4% e 3,6%.

"Essas revisões refletem de maneira substancial, mas não exclusivamente, uma retomada mais fraca nas economias emergentes do que previsto em outubro", diz o FMI.

O fundo aponta como motivos para o desaquecimento da economia global uma desaceleração mais acentuada do comércio chinês e a queda nos preços das commodities, que afetam o Brasil e outros mercados emergentes.

O FMI piorou também as projeções para as economias desenvolvidas, que deverão crescer 2,1% tanto em 2016 quanto em 2017, ou seja, 0,1 ponto percentual a menos do que o estimado em outubro. A previsão se deve sobretudo aos Estados Unidos. O país deverá crescer 2,6% em 2016 e em 2017 (uma revisão para baixo de 0,2 ponto).

"A menos que as transições-chave na economia mundial ocorram com sucesso, o crescimento global pode derrapar", alerta o relatório.

A zona do euro, por sua vez, deverá crescer, em seu conjunto, 1,7% neste e no próximo ano, o que se traduz numa melhora de 0,1 ponto percentual em 2016 e na manutenção da projeção para o próximo ano.

RPR/efe/rtr/ots