Brasil pede fim imediato dos ataques da Rússia à Ucrânia
24 de fevereiro de 2022O Ministério das Relações Exteriores brasileiro se pronunciou nesta quinta-feira (24/02) sobre a guerra travada pela Rússia contra a Ucrânia, fazendo um apelo pelo fim imediato das hostilidades e por uma solução diplomática e pacífica para a crise entre os dois países.
"O governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia", disse o Itamaraty em nota.
"O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil", continua.
O governo segue afirmando que, como membro do Conselho de Segurança da ONU, "o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias".
Após meses de tensões, a Rússia iniciou um ataque à Ucrânia nas primeiras horas desta quinta-feira. Em pronunciamento, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que autorizou uma operação militar contra o país com o objetivo de "desmilitarizar" a Ucrânia e eliminar o que chamou de ameaças contra Moscou. Kiev fala em invasão total, o que o Kremlin nega.
A polícia ucraniana afirmou que a Rússia já realizou mais de 200 ataques contra o país vizinho somente nesta quinta-feira. Explosões ocorreram em várias partes da Ucrânia.
O pronunciamento do Itamaraty após os ataques segue o mesmo tom de declarações anteriores do governo brasileiro sobre o tema. Na terça-feira, o ministério já havia emitido uma nota defendendo a adoção de uma "solução negociada" para a crise e a retirada dos militares da região, mas também evitando fazer críticas ao governo em Moscou.
O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, ainda não se pronunciou sobre o assunto desde o início das hostilidades nesta quinta-feira. Ele ignorou o tema em publicações nas redes sociais, bem como em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
Bolsonaro em Moscou
Na semana anterior, o presidente esteve em Moscou, onde se reuniu com Putin e disse ser solidário com a Rússia, sem especificar se se referia ao conflito com a Ucrânia.
Após a reunião, Bolsonaro adotou um discurso em defesa da paz, dizendo ser solidário com "todos aqueles países que querem e se empenham pela paz". "Pregamos a paz e respeitamos todos aqueles que agem dessa maneira", afirmou.
A fala foi repudiada pelos Estados Unidos, segundo os quais, "o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior".
"Isso mina a diplomacia internacional destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário, bem como os próprios apelos do Brasil por uma solução pacífica para a crise", condenou o texto do Departamento de Estado americano.
ek/cn (ots)