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Brasil pode virar laboratório para vacina contra covid-19

14 de julho de 2020

Duas das vacinas mais promissoras contra o Sars-cov-2 estão sendo testadas no Brasil. Com quase 2 milhões de infectados, país pode se tornar um grande laboratório contra o novo coronavírus.

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Mão com luva cirúrgica segura tubo de ensaio marcado "Covid-19"
Foto: picture-alliance/ANE

No momento as pesquisas sobre uma vacina contra o coronavírus estão a todo o vapor: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem no mundo todo 160 iniciativas para desenvolvê-la, duas delas em estágio avançado.

No Brasil, um dos países mais afetados do mundo, com quase 1,9 milhão de casos e mais de 72 mil mortes por covid-19, estão sendo testadas duas das vacinas mais promissoras, que já se encontram na fase 3 dos estudos clínicos.

Nessa fase, as vacinas são testadas num grupo maior, para verificar se sua eficácia e segurança se confirmam em muitos pacientes diferentes. Os estudos clínicos da fase 3 para vacinas contra o coronavírus são os primeiros do gênero no Brasil.

De onde vêm as vacinas?

A primeira candidata a vacina contra a covid-19 na fase clínica 3 é a AZD1222, desenvolvida pela Universidade de Oxford em cooperação com a empresa farmacêutica britânica AstraZeneca. A segunda, Coronavac, vem da empresa chinesa de biotecnologia Sinovac.

Quantas unidades de vacina devem ser produzidas?

No fim de junho, o Ministério da Saúde assinou um contrato com a Universidade de Oxford e a empresa farmacêutica AstraZeneca. Segundo o instituto de pesquisa Fiocruz, que supervisiona a cooperação, numa primeira etapa dos estudos clínicos serão produzidas 30,4 milhões de unidades da vacina, cerca de 15% necessário para atender toda a população brasileira.

Os custos de produção e transferência de tecnologia somam 127 milhões de dólares. Caso os ensaios clínicos sejam eficazes, deverão ser produzidas outras 70 milhões de unidades.

Fileiras de sepulturas em cemitério
Cemitério em São Paulo: país já conta mais de 72 mil vítimas do coronavírusFoto: picture-alliance/dpa/L. Zarbietti

Em quem os testes estão sendo feitos?

O recrutamento de voluntários para testes de vacinas na Universidade de Oxford está em andamento no Brasil desde o fim de junho. Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 5 mil voluntários do país participarão. A vacina também está sendo testada no Reino Unido, Estados Unidos e África do Sul.

O segundo ensaio clínico de fase 3 para uma vacina contra o coronavírus aprovado pela Anvisa vem da empresa chinesa Sinovac. O estudo é coordenado pelo Instituto Butantan. Segundo o diretor do renomado centro brasileiro de pesquisa biomédica, Dimas Covas, o Brasil terá acesso a 60 milhões de unidades de vacina se os testes forem bem sucedidos.

Para a vacina chinesa, devem ser recrutados cerca de 9 mil voluntários da área da saúde. Os testes estão programados para começar em 20 de julho. O esquema de vacinação inclui duas injeções intramusculares com 14 dias de intervalo.

Quando os primeiros resultados estarão disponíveis?

Oficialmente, o fim dos testes clínicos está agendado para setembro de 2021, mas a eficácia da vacina já poderá ser prognosticada através de resultados preliminares. "Se os testes em voluntários forem finalizados até outubro, podemos concluir os resultados sobre a eficácia até o fim do ano", declarou Covas à imprensa brasileira. "Isso significa que poderíamos começar a usar a vacina no início do ano que vem."

Benefício para todos?

Os ensaios clínicos da AstraZeneca e da Sinovac no Brasil não fazem parte da iniciativa anunciada em abril pela Organização Mundial da Saúde para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. Batizada de "Access to Covid-19 Tools Accelerator (ACT Accelerator)", o programa reúne a comunidade internacional e várias instituições e fundações de pesquisa. Seu fim é garantir o acesso à vacina para a população mundial, como um bem público global.

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