Brasil pressiona Alemanha a misturar mais etanol na gasolina
11 de julho de 2006"Se os alemães não passarem a misturar pelo menos 8 ou 10% de etanol à gasolina, eles não só bloqueiam as importações e, sim, podem até se transformar em exportadores de bioetanol, porque não terão demanda suficiente para sua crescente produção", advertiu Ingo Plöger, coordenador da Comissão Mista de Cooperação Econômica Brasil-Alemanha, nesta terça-feira (11/07) em Berlim.
Há dois anos, no Encontro Econômico Brasil-Alemanha em Fortaleza, os governos dos dois países haviam anunciado um projeto-piloto para operar uma frota de 100 veículos municipais de Dortmund com etanol brasileiro. Em troca, o Brasil testaria biodiesel alemão.
O projeto, que não saiu do papel, agora se tornou supérfluo, porque o setor privado foi mais rápido. O diretor de assuntos jurídicos, governamentais e ambientais da Ford, Wolfgang Schneider, anunciou em Berlim que 600 veículos flex fuel fabricados pela empresa já circulam com etanol brasileiro na Alemanha. "Por enquanto, é só um nicho de mercado, mas que tem muito potencial", disse.
Ele ressaltou que a Suécia está bem mais avançada neste campo. No país escandinavo já teriam sido vendidos 22 mil carros flex fuel, movidos a etanol extraído de madeira, disponível em 330 postos. O governo sueco oferece uma série de benefícios tributários para os usuários deste veículos "mais limpos".
Segundo Schneider, porém, não bastam incentivos fiscais para ampliar a demanda de etanol. "Lamentavelmente, as grandes companhias petrolíferas ainda não mostram grande entusiasmo por oferecer uma infra-estrutura de abastecimento para combustíveis verdes", disse.
Segundo Plöger, o fato de a Alemanha ainda discutir um modelo de tributação de seus biocombustíveis é mais um obstáculo à importação de etanol brasileiro. "Os alemães deveriam olhar o exemplo da Suécia, que até 2020 quer ser uma sociedade livre do petróleo", disse. Ele acredita que os suecos também estejam usando parte dos 200 mil litros de etanol que o Brasil exporta por ano à UE, principalmente através da Holanda.