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Brasil registra deflação de 0,68% em julho

9 de agosto de 2022

IPCA negativo vem após 25 meses seguidos de alta dos preços. Puxado pela queda nos preços dos combustíveis e energia elétrica em meio à redução de impostos, resultado deverá ter efeito limitado, segundo economistas.

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Posto de gasolina no Rio de Janeiro
Em julho, o preço da gasolina recuou 15,48%, e o do etanol, 11,38%Foto: Buda Mendes/Getty Images

Após 25 meses seguidos de alta dos preços, o Brasil registrou deflação de 0,68% em julho, segundo informou nesta terça-feira (09/08) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A deflação ocorre quando, na média, há queda nos preços, em vez de alta (inflação). Segundo economistas, isso geralmente acontece quando a economia passa por situações atípicas – como os lockdowns impostos em meio à pandemia de covid-19.

A taxa de 0,68% é a mais baixa registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação no país, desde o início da série histórica do IBGE, em janeiro de 1980.

E a queda de julho é a primeira desde maio de 2020, quando houve deflação de 0,38%. Na época, o país vivia um contexto de restrições a atividades econômicas com o início da pandemia.

Em comparação, o Brasil havia registrado inflação de 0,67% em junho deste ano, e de 0,96% em julho do ano passado. Já no ano, o IPCA acumula alta de 4,77%.

Apesar da trégua de julho, a inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 10,07% – abaixo dos 11,89% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores, mas é o 11º mês consecutivo de inflação anual acima dos dois dígitos.

Segundo o IBGE, a deflação em julho se deveu principalmente à redução do preço dos combustíveis, em especial a gasolina e o etanol, e da energia elétrica.

O preço da gasolina recuou 15,48% e o do etanol, 11,38%. Também houve queda no preço do gás veicular, de 5,67%. O único combustível com alta em julho foi o diesel (4,59%), com resultado acima do mês anterior (3,82%).

Já a energia elétrica residencial teve queda de 5,78% em julho.

Por outro lado, os preços de alimentos e bebidas subiram 1,30% em julho – setor que mais sofreu variação positiva no mês passado.

Efeito limitado

Os preços não estão caindo naturalmente. Os recuos que levaram à deflação estão ligados a uma mudança no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de combustíveis e energia elétrica.

A chamada Lei Complementar 194 – apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro e aprovada pelo Congresso em junho – limitou a cobrança do ICMS desses produtos, a fim de reduzir seus preços às vésperas das eleições presidenciais.

Além do teto para os impostos, também contribuiu para a queda dos preços da gasolina e do etanol uma redução, anunciada em julho pela Petrobras, no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras.

Já em relação à conta de luz, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ainda aprovou revisões tarifárias extraordinárias de dez distribuidoras, reduzindo as tarifas a partir de 13 de julho.

A deflação em julho já era esperada pelo mercado, mas devido à situação atípica, deverá ter efeito limitado. Economistas estimam que o IPCA também será negativo em agosto, mas deverá voltar a subir em setembro.

Já em dezembro, a inflação acumulada no ano deverá ser de 7,1%. A taxa ainda é menor que a registrada no ano passado, de 10,06%, mas acima dos 4,52% de 2020.

ek/lf (ots)